Esta é a mensagem de Monica Lewinsky a favor da empatia e compaixão
O nome de Monica Lewinsky resulta vagamente familiar para aqueles que cresceram nos anos 90, e uma obscura referência para os nascidos depois. Em 1998, Monica foi protagonista de um dos maiores escândalos ocorridos na Casa Branca depois que seu romance com o então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, se tornou público. Apesar dos contornos políticos da história, Monica desapareceu pouco depois da cena pública, e aos 24 anos, após uma promissora carreira política e de comunicação, quis sair do escrutínio público por qualquer meio possível, incluindo a consideração do suicídio.
Depois de 17 anos, Monica voltou como uma ativista contra o assédio on-line, para combater o que Nicolaus Mills chamou "cultura da humilhação" (e também "política da humilhação"). Esta se trata de um mercado frutífero que lucra com a falta de escrúpulos dos internautas e que produz um círculo vicioso: humilhar uma pessoa produz uma sensação de poder que ao mesmo tempo dessensibiliza à pessoa em frente à qualidade humana do outro, o que por sua vez faz com que estes ogros fiquem mais propensos a continuar humilhando e molestando.
Infelizmente não temos que ser hackers ou vilões de contos para incorrer neste círculo vicioso: basta entrar em sites de fofocas, consumir histórias sexistas ou racistas e fazer comentários negativos para fomentar essa cultura da humilhação uma que produz tantas vítimas mortais como dinheiro produto da publicidade para os paparazzi on-line.
Monica, hoje especialista em psicologia social, argumenta que o que ocorreu a ela foi só o primeiro de muitos casos onde a liberdade de expressão superou a linha do interesse público para se tornar uma sorte de "Letra Escarlate" que sentou as bases do que ocorre quando os momentos embaraçosos da vida de alguém se tornam públicos da noite para o dia: humilhação, perda de dignidade, fechamento de oportunidades, memórias traumáticas.
Nesta palestra, Monica conta sua experiência de primeira mão e analisa como parte de um fenômeno em escala global -o cyber-assédio- que pode ser combatido através da empatia pública, dos comentários positivos, e de se colocar no lugar do outro, não importa onde estejamos, pois o fato de viver em uma "comunidade global" não só tem consequências econômicas senão também emocionais.
O assédio cibernético não só pode como deve ser combatido com uma mudança na legislação, senão também mediante uma tomada de consciência individual sobre as conseqüências que nossos atos anônimos -encobertos pela distância e o abstrato de nossas interações on-line nas redes sociais- podem ter para o bem e para o mal na vida de outras pessoas.
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