Os ratos sonham com queijinhos fora de seu alcance

LuisaoCS

Os ratos sonham com queijinhos fora de seu alcance

Se você mostrar a um rato um caminho bloqueado ao final do qual lhe espera um queijo, é possível que pela noite sonhe com que percorra esse caminho até obter a recompensa. Esta foi uma das conclusões da pesquisa de Hugo Spiers e sua equipe da University College de Londres, quem monitoraram as denominadas "células de localização" dos roedores durante o sono.

Em um trabalho, intitulado "Hippocampal place cells construct reward related sequences through unexplored space", e apresentado há alguns dias na revista eLIFE, registraram a atividade elétrica dos ratos em várias etapas. Os cientistas centraram sua atenção na atividade de neurônios que eles e nós temos no hipocampo e que se ativam à medida que percorremos o espaço ou exploramos imaginariamente, como se fosse um GPS interno.

Na primeira parte do experimento os cientistas mostraram aos roedores um percurso bloqueado ao final do qual lhes esperava uma recompensa e depois monitoraram sua atividade cerebral durante o sono. Ao dia seguinte, os animais puderam chegar livremente até o prêmio e os neurônios de localização que se ativavam eram os mesmos que pareciam atuantes enquanto dormiam.


Com estes dados, a equipe de Hugo acha que a atividade cerebral dos ratos indica que podem estar sonhando com os percursos que farão no dia seguinte, ainda que averiguar o conteúdo dos sonhos seja ainda impossível.

Extrapolando os resultados de outros estudos de sonos em humanos, parece possível estabelecer uma relação entre o sinal cerebral registrado e o que se experimenta no plano onírico.

- "É como olhar um catálogo de turismo da Grécia no dia antes de viajar para lá e sonhar essa noite com as fotos", assegura Hugo no New Scientist. - "Os resultados sugerem que construímos um pouco nossos mapas mentais mediante o olhar e depois definimos mais mediante a ação".

Em outros experimentos parecidos, os cientistas aplicavam um padrão de estímulo espacial no cérebro dos ratos e estes eram mais propensas a visitar esse lugar no dia seguinte, em uma espécie de processo inverso e induzido.

O trabalho, ademais, abre uma nova perspectiva sobre o papel do hipocampo, que não só codifica as lembranças do passado senão que parece ter um papel essencial à hora de planejar o futuro. Por isso alguns pacientes que têm danos neste núcleo do cérebro têm problemas para planejar tarefas em sua vida cotidiana.

Via | New Scientist.


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