O homem que saboreia as palavras
A cada vez que James Wannerton pronuncia uma palavra, seu cérebro ativa os circuitos do sabor e para ele é como estar desfrutando de uma refeição. O fenômeno, conhecido como sinestesia, se manifesta nele de uma maneira tão particular que inclusive os sotaque do idioma têm diferentes gostos e prefere o som suave dos "des" e "tes" dos norte-americanos.
A palavra "college" (colégio), por exemplo, tem gosto de salsicha, o nome "Karen" parece iogurte, e a palavra "yogur" tem sabor de laquê para o cabelo (seja lá qual é o gosto disso). Uma de suas palavras favoritas é "most" (superlativo em inglês) que tem gosto de uma deliciosa torrada crocante e que prefere não pronunciar nem escrever porque lhe distrai e não pode deixar de pensar em comer uma.
Quando viaja pelo metrô de Londres, James experimenta uma salada de sabores com cada um dos nomes das estações e ler um simples e-mail bobo pode ser para ele uma grande experiência culinária.
A sinestesia é a condição que algumas pessoas têm de associar sensações percebidas através de diferentes sentidos. São freqüentes os casos de pessoas que associam as vogais ou números com cores, os sons com percepções visuais, etc.
Pese que tenha sido estudada em profundidade, a causa que a provoca não é conhecida e há quem aponte a fatores genético, mas há outros que sugerem que se trata de uma espécie de sobreposição de áreas cerebrais adjacentes, como se não se tivessem formado bem os limites entre o que se vê e o que ouve e o que se cheira, por exemplo.
Quanto ao paladar, são conhecidos outros casos curiosos, como o de Michael Watson para quem é a comida desperta sensações táteis. Se toma um chá, por exemplo, sente como se passasse a mão por uma longa coluna de cristal ou de mármore. E as provas mostram que para ele é uma sensação tão real quanto a que experimentamos por nossos sentidos.
De fato, é frequente que as pessoas com sinestesia não se deem conta de que têm uma forma especial de sentir o mundo até que não acontece algo concreto. No caso de James, ele e seus pais só descobriram que havia algo estranho quando ele tinha 10 anos porque os sabores que assaltavam sua mente enquanto lia dificultavam o seu estudo. Hoje em dia ele aprendeu a viver com estas sensações e inclusive desfruta da leitura em uma dimensão que os demais não podemos nem imaginar.
Via | BBC.
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Comentários
Acho que eu tenho um pouquinho disso, quando leia as palavras: lasanha, pizza, nhoque e macarronada, logo me vêm esses sabores na mente e no paladar, chega até à me dar água na boca.
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