A planta que seleciona o seu polinizador
Um beija-flor tesourinha (Eupetomena macroura) poliniza a Heliconia tortuosa do estudo
Um estudo descreve o mecanismo pelo qual uma planta tropical produz mais pólen e de melhor qualidade quando identifica às duas espécies de colibris que mais lhe beneficiam. É o primeiro caso de mutualismo deste tipo descoberto em plantas.
A Heliconia tortuosa é uma planta herbácea que cresce nos bosques da América Central. A forma de tubo de suas flores evoluiu provavelmente para atrair determinados polinizadores que beneficiam mais sua reprodução excluir a outros, mas o que descobriu a equipe de Matthew Betts é ainda mais sofisticado. Seu trabalho, publicado nesta semana na revista PNAS, sob o título "Pollinator recognition by a keystone tropical plant", demonstra que a planta é capaz de selecionar aquelas espécies concretas de colibris que mais beneficiam à hora de propagar o pólen.
No meio em que crescem estas plantas vivem ao menos seis espécies de beija-flores que visitam suas flores com freqüência. Os autores do estudo compararam o que acontece neste processo em condições controladas e descobriram que as plantas produzem mais pólen e de melhor qualidade quando são visitadas por duas destas espécies, em concreto aquelas que viajam a distâncias maiores e podem polinizar zonas mais afastadas.
Em uma série de 223 experimentos para controlar a quantidade e qualidade do pólen, os cientistas viram que a planta produzia 5,7 mais pólen quando uma das duas espécies de colibris mais viajantes introduzia seu bico na flor. Como a planta reconhece as aves que mais lhe convêm? Ao que parece a chave está na forma do bico e a capacidade de extrair o néctar da flor, que parece ativar o mecanismo para que ela produza mais pólen.
A hipótese dos autores do trabalho é que se desenvolveu uma relação de mutualismo entre a planta e as outras duas espécies que outorgam uma vantagem à primeira, de maneira que pode polinizar zonas mais distantes e não desperdiça recursos com as espécies (outros beija-flores ou insetos) que vão distribuir o pólen nas cercanias.
- "Demonstramos pela primeira vez que ao menos uma planta desenvolveu a capacidade de reconhecer espécies de polinizadores imediatamente após sua visita e incrementar ao mesmo tempo as possibilidades de que esse polinizador distribuam pólen de alta qualidade", dizem os autores. A descoberta abre a possibilidade de estudar novos aspectos destas redes de polinizadores e plantas sob uma nova perspectiva.
Via | Science Daily.
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