Extraordinário vídeo mostra porque a morte talvez nem sequer seja real

LuisaoCS

Neste provocador vídeo realizado por Kurzgesagt-In a Nutshell vemos o desdobramento de um persuasivo argumento: não há uma fronteira contundente entre a vida e a morte, o que nos permite (meta) questionar a própria questão do que é a vida e é o que é morte e se em realidade são perguntas importantes.

O vídeo subscreve uma visão completamente materialista -e não por isso menos poética: a poesia da ciência que reconhece parte da evolução e da vastidão do universo- em que a informação substitui a metafísica do espírito ou da faísca vital. É paradoxal que usem uma animação para aparentemente demonstrar que não existe na biologia um princípio animista, tudo é simplesmente complexidade emergente do arranjo de partes materiais.

O vídeo sustenta que todas as coisas "vivas" são feitas de células, mas as células são fundamentalmente nanorobôs baseados em proteínas que se auto-regulam e fazem cópias de si mesmas. Mas nada nas células está vivo por si, não há um ponto específico onde se ignize a vida, tudo é formado por matéria morta que segue as leis do universo, motivo pelo qual surge a pergunta: seria a vida apenas o aglomerado destas reações entre elementos?

Alguns argumentos para esta tese:

  • Se DNA de sua célula protetora for extraído, não pode fazer nada só (a vida só existe como uma rede entre diferentes componentes materiais).
  • Os vírus, que são somente material genético que existe sem células, estão vivos ou mortos? Estes genes sem casca podem, em alguns casos, invadir células mortas e ressuscitá-las.
  • As mitocôndrias foram bactérias livres que formaram uma relação com outras células que as incorporaram "endosimbióticamente" e mantêm sua própria informação genética, mas "como indivíduos estão mortos", trocaram sua "vida" pela sobrevivência de seu DNA, o que significa que a vida pode evoluir para a morte desde que seja benéfico para sua própria informação genética -de modo que, talvez, a vida seja só informação e os processos de intercâmbio de informação entre coisas "mortas".
  • "Se tudo no universo for feito das mesmas coisas, isto significa que tudo no universo está morto ou tudo no universo está vivo?". Ou é então irrelevante contestar e diferenciar isto, quando tudo é parte de um mesmo processo de troca de informação. Nunca morreremos porque nunca vivemos, somos bem mais parte do universo do que pensamos.

Basicamente o vídeo assinala que não existe um elemento metafísico nas coisas vivas e que estas estão governadas pelos mesmos princípios universais que as coisas mortas. O "vivo" é simplesmente uma complexa relação de coisas "mortas". Agora, o fato de que não tenhamos localizado o fantasma na máquina, o espírito no fundo da matéria, não necessariamente significa que não existe. A visão materialista é convincente em seu próprio terreno, mas ao final é só uma perspectiva, uma forma de ver o universo. Uma visão na qual a própria matéria -e não só a vida- é uma expressão mais densa ou mais sutil do espírito ou da consciência, também é coerente e convincente em sua própria formulação (talvez com o argumento de lógica recursiva de que nós somos o fantasma que busca caçar o fantasma). Precisam opor-se sempre estas visões do mundo ou existe um princípio que as reconcilie?



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Comentários

O fantansma é o proprio universo. Não existe nada a não ser informação, a unica coisa que existe é informação. E ela não se perde, apenas se modifica. A questão é, informação é tão abstrata que ela não existe realmente. O proprio Universo é feito da não existencia. Pense no zero, ele existe? sim e não, é um paradoxo. Claro que o 0 existe, mas não fisicamente, o zero nunca foi criado, nem precisa de criador, ele simplemente existe e não existe ao mesmo tempo, é abstrato. Por isso que deus está morto, ele é irrelevante para a existencia/não existencia de toda a informação. A informação simplesmente existe e nem precisa de causa (isto é apenas uma regra criada pela propria informação), alias, a não existencia é a unica coisa que talvez realmente não exista. A questão sobre o que que existia antes da existencia é irrelevante devido ao paradoxo.
Incrivel não, o universo é um gigante computador, mas computadores são apenas dados (Turing Machine), o que ocorre quando dados processam dados com complexidade suficiente? vida e sensiencia, é isso que ocorre. Closed loop de dados.

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