Acham a primeira evidência da inflação cósmica
Há 14 bilhões de anos, nosso universo irrompeu com uma "faísca" extraordinária que iniciou o Big Bang. Na primeira e fugaz fração de um segundo, o universo se expandiu de forma exponencial, estendendo-se bem mais além do que atingem ver os melhores telescópios construídos pelo homem. Esta expansão acelerada, conhecida como inflação cósmica, era até o momento uma simples formulação teórica difícil de provar, entre outros motivos, pelo grau de uniformidade que apresenta o universo visível.
Agora, uma equipe de cientistas liderado pelo Centro Harvard-Smithsonian para a Astrofísica, protagonizou uma autêntica meta na cosmologia. Através do telescópio BICEP2, instalado no Polo Sul, obteve as primeiras imagens das ondas gravitacionais, consideradas como as "contrações do Big Bang", que corroborariam a expansão ultra-rápida do universo e validariam o último suposto da Teoria da Relatividade Geral de Einstein.
Albert Einstein postulou em sua Teoria da Relatividade Especial que o tempo é uma dimensão geométrica a mais e não uma coordenada independente do observador. Em sua Teoria da Relatividade Geral, o gênio da física precisou que a gravidade não é uma força isolada, senão que faz parte de uma força única que explica todos os fenômenos físicos conhecidos e o que ainda está por ser descoberto.
O espaço, entendido como uma superfície essencialmente plana, é deformado pela massa, adquirindo desse modo dita dimensão física adicional, que se uniria às coordenadas de largura, comprimento e profundidade. Este tecido espaço-tempo se curva devido à presença de corpos em massa como se da superfície de uma cama elástica se tratasse, o que origina o efeito da gravidade e a órbita dos objetos em torno de outros objetos. Esta premissa contradisse as teorias físicas de Newton, que afirmavam que o Sol exercia uma atração de maneira instantânea sobre os planetas.
Neste sentido, as ondas gravitacionais seriam as perturbações geradas no tecido do universo devido às mudanças experimentadas pelos objetos que o deformam, similares às ondas da superfície da água quando lançamos uma pedra. Estas se originam por variações violentas na quantidade de energia (flutuações quânticas), como as geradas pela explosão de uma supernova ou a formação de um buraco negro. Se o Sol desaparecesse, por exemplo, não perceberíamos uma mudança em nossa órbita até que ditas ondas, que viajam à velocidade da luz, atingissem nosso planeta.
A teoria da inflação cósmica de Alan Guth postula que a expansão do universo passou por uma breve fase de expansão acelerada, na qual foram geradas as primeiras ondas gravitacionais. Seu principal sucessor foi o físico Andrei Linde, que criou a versão moderna da teoria.
A inflação é atualmente considerada como parte do modelo cosmológico regular do Big Bang quente. A partícula elementar responsável por dita expansão é chamada inflaton, que experimentou uma mudança de fase através da qual liberou sua energia potencial em forma de matéria e radiação, provocando assim a ampliação do universo.
Einstein considerou em seu momento que o rastro das ondas gravitacionais primigênias seria tão débil que nunca chegaríamos a detectá-las. No entanto, o grupo de cientistas responsáveis pelo achado surpreendeu-se ao detectar um sinal na polarização da radiação de fundo bem mais forte do que o esperado.
A radiação de fundo é uma forma de radiação eletromagnética surgida no universo antes do nascimento das primeiras estrelas. As sutis variações presentes neste tipo de onda de luz constituem a impressão das flutuações quânticas produzidas depois da explosão inicial que originou o universo. Estas ondas têm uma temperatura equivalente menor que 3º K, três graus acima do zero absoluto. Para realizar as medições foi criada uma tecnologia completamente nova, uma câmera em uma placa de circuito impresso que inclui uma antena para enfocar e filtrar a luz polarizada. A equipe analisou durante mais de três anos os dados para descartar qualquer erro, incluído o efeito do pó da Via Láctea, que poderia deixar um sinal similar.
Este trabalho, que ainda não foi publicado em nenhuma revista científica, mas já acreditam que será o próximo Prêmio Nobel de Física, apresenta a primeira evidência fidedigna da teoria da inflação cósmica e é portanto um passo de gigante no caminho para o entendimento da origem do universo.
Por outro lado, grupos detratores dos estudos cosmológicos deverão mais uma vez, segundo a sua conveniência, empurrar a borda da responsabilidade da criação por um ser divino. Os 12 do Olimpo também devem estar insones nos últimos dias.
Via | MDig.
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