Babuínos que aprendem a ler dão pistas sobre os códigos cerebrais da leitura
A linguagem humana é sem dúvida uma das manifestações mais refinadas de nossa inteligência como espécie, um dos inventos mais decisivos para dar o salto que nos separou do resto dos animais. Mas por isto mesmo é também um dos elementos mais enigmáticos de nossa natureza e que ademais estamos muito envolvidos estudando na busca de obter explicações efetivas sobre seus fundamentos mais essenciais.
Por isso as pesquisas científicas sobre a linguagem humana passam por um rodeio do qual participam nossos parentes evolutivos mais próximos, primatas com os quais seguimos compartilhando o tronco comum da evolução biológica.
Recentemente a revista Science publicou um interessante estudo realizado por uma equipe de pesquisadores franceses coordenados por Jonathan Grainger, adscrito ao Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) e ao Laboratório de Psicologia Cognitiva da Universidade de Aix-Marseille, no qual examinaram a capacidade de leitura dos babuínos, descobrindo que estes são capazes de ler (ainda que não entendem o que estão lendo) e distinguir palavras em inglês reais de meras reuniões de letras sem sentido.
Na experiência, Grainger e sua equipe treinaram seis babuínos para que, em tablets eletrônicas, identificassem combinações de letras que formavam palavras efetivas do inglês, recompensando-os quando de quatro palavras escolhiam as duas que tinham algum real significado. Após seis semanas, os babuínos foram capazes de acertar 3 em cada 4 tentativas, isto é, em 75% das ocasiões.
E conquanto nenhum destes primatas entende estritamente o que lê nem se tornará um bretão com este exercício, a pesquisa oferece algumas pistas para entender tanto sua inteligência como os processos cognitivos que resultam no ato de ler.
Primeiramente, ao que parece, os babuínos foram capazes de gerar cálculos estatísticos sobre a freqüência com que certas letras figuram no idioma inglês, bem como as combinações mais prováveis destas. Tudo isto utilizando mais seu razoamento do que sua memória, pois nem as palavras nem as combinações eram sempre as mesmas.
O experimento é muito relevante porque, como bem afirma Stéphane Dufau, outra das pesquisadoras participantes, poderia confirmar que a habilidade de ler passa em parte pelo contato com a linguagem em sua manifestação mais visual.
Via | Discovery.
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Comentários
''A leitura e a escrita engrandecem a alma''. - Voltarie.
(ainda que não entendem o que estão lendo)
Descoberto, certa porcentagem de brasileiros são na verdade babuínos.
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