Se o genoma humano atual é composto de até 4% de DNA Neandertal, os especialistas opinam que deve ter existido muitíssimo intercâmbio genético entre estas espécies de hominídeos, isto é, o Homo sapiens andou comendo muito o Neandertal, pejorativamente falando, ainda que também o tenha feito de forma literal.

O curioso é que desde uma perspectiva natural -evolutiva, genética- isto não pode ser fruto da casualidade, senão que deve obedecer a uma razão cientificamente constatável. Então, qual é a causa desta obsessão copulativa com os Neandertais?

Para responder, Michael Barton e Julien Riel-Salvatore -das universidades Estatal do Arizona e Colorado Denver, respectivamente- criaram um modelo que rastreia os componentes biológicos e culturais da interação entre seres humanos e Neandertais, ambos os aspectos, diz Barton, imprescindíveis para entender este processo:

- "Há uma percepção de que a evolução biológica determina a cultura durante o Pleistoceno e que as influências culturais predominam desde então (inclusive hoje). A realidade é que ambas as forças trabalharam em conjunto e foram tão importantes há 50 mil anos como o são agora".

Assim, analisando 120 mil anos de informação arqueológica, os especialistas asseguram que a razão mais provável para a extinção do Neandertal tenha sido, simplesmente a hibridação: a maioria demográfica de Homo sapiens terminou agoniando o Neandertal até a dominação genética.

Quanto aos encontros sexuais sustentados entre ambas espécies, os cientistas consideram seriamente a possibilidade de que uma e outra, reciprocamente, se olhassem com suficiente fealdade que promovia um certo receio em possíveis relações "inter-espécies" e que seria objeto de vergonha e inclusive de exílio. Para Riel-Salvatore este foi o primeiro momento na história da humanidade em que surgiu a noção de tabu e racismo.

No entanto, as rotas migratórias de humanos e Neandertais se cruzariam eventualmente -especialmente na zona oeste de Eurásia, o lar destes últimos- dando lugar à mencionada hibridação que, segundo parece, não tem nada a ver com a superioridade genética. A esse respeito Barton diz:

- "Além do fato de que desapareceram, não há evidência de que os Neandertais fossem menos aptos como caçadores ou extrativistas do Pleistoceno que qualquer outro ancestral humano da época. Parece que eram tão capazes como qualquer outro. O legado neandertal vive em nosso genoma biológico e possivelmente em nosso conhecimento cultural. Pôde ter outras populações parecidas que se integraram em uma espécie humana global no Pleistoceno tardio. Nós somos o resultado disso tudo".

Via | io9.

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