A democracia precisa de pessoas ignorantes para funcionar corretamente, assegura estudo

LuisaoCS

A democracia precisa de pessoas ignorantes para funcionar corretamente, assegura estudo

Ontem, enquanto lia um alfarrábio sobre a experiência de Robert Sapolsky e os babuínos contado hoje mais cedo no post O que aconteceria se todos os líderes caíssem fulminados por um vírus assassino?", fui confrontado no Google com uma pesquisa recente sobre democracia e gente ignorante. E como uma coisa leva a outra, acabei lendo o assunto que me agradou e que compartilho com vocês neste tópico, que fala sobre a quebra de um paradigma sobre a proporcional fundamentação da democracia em relação direta ao conhecimento distribuído em seu meio. Em realidade, pode não ser bem assim.

Um das crenças mais estendidas em torno da democracia, inclusive entre pessoas com um conhecimento médio ou mínimo sobre o assunto, é que este sistema político funciona muito melhor se for integrado por pessoas interessadas em seu meio social e conhecedoras de certos temas importantes de sua vida política imediata. No entanto, um estudo realizado por um pesquisador de Princeton poderia jogar por terra esta ideia. Iain Couzin assegura o contrário, que sem grandes multidões de pessoas francamente ignorantes, a democracia simplesmente colapsaria.


Couzin é pesquisador adscrito ao Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade de Princeton e seus interesses acadêmicos centram-se nos padrões biológicos de grande escala que resultam das ações e interações dos componente individuais de um sistema. Ele estuda os padrões de auto-organização de sistemas biológicos de amplo alcance como exércitos de formigas, cardumes, rebanhos, nuvens de insetos e multidões humanas.

No caso do estudo em questão, Couzin e sua equipe chegaram à conclusão de que na democracia, desde seu ponto de vista, segue este mecanismo: no interior de uma sociedade deve existir um número limitado, mas suficiente de pessoas que saibam tudo sobre certos temas e que, em consequência, ajam como líderes para o resto, maioria esta que se desintegra quando surgem numerosos pontos de vista que designam diferentes direções. Daí que Couzin fale de uma espécie de ponto médio da ignorância, um setor imprescindível de pessoas que impeça a derrocada do sistema em uma anarquia caótica de minorias ou na imposição de uma destas para todas as demais. A inclinação pelo popularesco -fundamentalmente nascida da ignorância ou do desinteresse- é assim a base de uma democracia saudável.

O mais curioso é que Couzin obteve estes resultados estudando o comportamento dos peixes, especificamente o das carpas douradas (Notemigonus crysoleucas) que têm um gosto natural pela cor amarela. Os pesquisadores juntaram um monte destes animais e treinaram-nos pára que a maioria deles se voltasse contra seu instinto e nadasse para um alvo azul, enquanto o resto conservou sua preferência pelo amarelo (com um alvo de dita cor que podiam seguir).

Quando os cientistas juntaram estes dois grupos, o menos numeroso de peixes pró-amarelo foi capaz de dominar os pró-azuis, fazendo-os nadar para o alvo amarelo durante 80% do tempo que durou o teste. Isto, ao que parece, porque o instinto natural os tornou bem mais fortes para influir em seus colegas. No entanto, quando acrescentavam um peixe que não tinha recebido condicionamento prévio, então a preeminência do pró-amarelo decaía e, a princípio, a maioria pró-azul passava a controlar toda a população. Couzin explica:

- "Agregar esses indivíduos mudou dramaticamente a tomada de decisões do grupo. Estes inibiram a minoria e apoiaram o comportamento da maioria, o que permitiu por sua vez que a maioria ganhasse presença e que sua perspectiva dominasse. Foi aí que pensamos, 'Bem, isto é muito interessante mesmo', porque normalmente a gente não pensa que acrescentar indivíduos desinformados aos processos de tomada de decisão possa acarretar esse tipo de efeito democratizante".

Mas este fenômeno parece ter um limite: segundo Couzin se existem 20 indivíduos desinformados e somente um ou dois com opiniões contundentes, então há muito "barulho" e todo o processo fica paralisado.

E conquanto, durante boa parte do século XX, transladar observações da natureza ao plano social -algo mais ou menos comum um século antes- foi algo desestimado pelos cientistas sociais da época. Talvez as conclusões deste estudo poderiam servir como base, ainda que com reservas, para perguntar pelos fundamentos reais da democracia, como forma de descobrirmos se são procedentes os ideais teóricos tão repetidos ou se é coisa apenas de um Couzin.

Fonte: Miller McCune.


Notícias relacionadas:

 

Comentários

Hoje cheguei à seguinte constatação: A democracia é um governo escolhido pela minoria. Quando a maioria escolhe o governo acontece o que acontece em países como os da América do Sul, Venezuela. Bolívia, Equador, Argentina e brevemente o Brasil, passam a ser uma neo democracia ou uma neo ditadura.

Isso não é novidade pra mim, eu sempre soube que as massas são ignorantes,

Como uma vez eu disse a minha mãe: A inteligencia é privilégio de poucos.

e como Eistein uma vez disse: ''Somente duas coisas são infinitas: o Universo e a estupidez humana. E não estou seguro quanto à primeira.''

Isso implica então, que uma grande população humana funcionando como um conjunto é tão estupida quanto um cardume de peixes, e toda inteligencia que uma pessoa pode ter individualmente se desfaz em meio a uma multidão. Pois multidões agem por instinto. E isso explica porque grandes maquinas como o governo quase sempre são estupidas, burras e lentas.
Ja disseram isso (não lembro quem), junte um monte de pessoas e o resultado sera um grupo ignorante, independente do conhecimento de quem o compoe.
Simplificando e concluindo. Na verdade, o todo é menor que a soma das partes, pelo menos se for usado um processo de "comando" democrático.

Talvez por isso que depois de uma maioria votar num político x e esse político x fizer merd@, essa maioria continua votando no político x, enquanto uma minoria se revolta e tenta nadar contra a maré, em vão.

Deixe um comentário sobre o artigo











Comentários devem ser aprovados antes de serem publicados. Obrigado!