Arquivo do mês de abril 2013

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Presidente da Nestlé acha que a água não é um direito, deveria ter um valor de mercado e ser privatizada

LuisaoCS

Presidente da Nestlé acha que a água não é um direito, deveria ter um valor de mercado e ser privatizada

Na última segunda, vi com certo ceticismo um extrato de vídeo de Peter Brabeck-Letmathe, chefe executivo e ex CEO da Nestlé, onde assegura que o acesso à água não tem por que ser um direito humano, senão, todo o contrário: a água deveria ser tratada como qualquer outro bem alimentício e ter um valor de mercado estabelecido pela lei da oferta e da procura. Só desta maneira, aponta, empreenderíamos ações para limitar o consumo excessivo que acontece na atualidade.

Se a dinâmica econômica de nossa época caracteriza-se por algo, provavelmente seja pela privatização, pela tentativa de conversão de tudo, absolutamente tudo, em uma mercadoria, em um objeto susceptível de ser comprado e vendido, produzido e eliminado, quase sempre por uma minoria que se arroga a propriedade dos meios que fazem possíveis todos estes processos.

Mas para além do sentido estritamente material desta tendência -que, por outra parte, na realidade nunca é "estritamente material"-, surgem atitudes cujo sinal comum é a voracidade, essa ambição desmedida na qual a brecha entre a exploração e obtenção de ganhos econômicos chegou a níveis possivelmente intoleráveis.

Como prova disto temos o depoimento de Peter Brabeck-Letmathe, diretor executivo da Nestlé, uma das maiores empresas de alimentos processados do mundo. Em 2005, como parte do documentário "We Feed The World" (uma exploração do diretor austríaco Erwin Wagenhofer sobre a origem dos alimentos e bebidas que chegam a nossas mesas), Brabeck-Letmathe disse, sem empacho nem reservas, que o acesso à água potável não teria por que ser considerado um direito humano e sim, pelo contrário, que deveria ter um valor que permitisse ser comercializada. Logo depois do salto você pode ver o fragmento do documentário onde o empresário qualifica de extremistas as ONGs que defendem que a água deve ser um direito fundamental do ser humano:


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