Einstein e a carta que mudou a história

LuisaoCS

Albert Einstein e Léo Szilard
Na foto, Albert Einstein e Léo Szilard em 1946 recriando o momento em que prepararam a carta traduzida abaixo.

Há 71 anos atrás, uma carta redigida por Albert Einstein com auxílio do amigo e físico Leó Szilárd, se dirigia ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt -em tempos realmente tumultuados- para advertir da ameaça nuclear alemã que podia ser divisada à distância. Aquela carta, semente do que depois seria conhecido como Projeto Manhattan, mudou a história.


Albert Einstein
Old Grove Rd.
Nassau Point
Peconic, Long Island

2 de Agosto de 1939

Franklin D. Roosevelt
Presidente dos Estados Unidos
White House
Washington, D.C.

Senhor:
Alguns trabalhos recentes realizados por Enrico Fermi e L. Szilard, dos quais fui informado em manuscritos, me levam a esperar, que o elemento urânio possa se converter em uma nova e importante fonte de energia no futuro imediato. Certos aspectos da situação produzida parecem requerer vigilância, e se for necessário, de uma rápida ação por parte da Administração. Por isso, acho que é meu dever chamar sua atenção sobre os seguintes fatos e recomendações:

No curso dos últimos quatro meses surgiram a probabilidade -através do trabalho de Joliot na França bem como o de Fermi e Szilard nos Estados Unidos- de que pudéssemos ser capazes de iniciar uma reação nuclear em cadeia em uma grande massa de urânio, por meio do qual seria possível gerar enormes quantidades de potência e grandes quantidades de novos elementos similares ao rádio. Agora parece quase seguro é possível chegar a este objetivo no futuro imediato.

Este novo fenômeno poderia conduzir também à construção de bombas, e é concebível -ainda que com menor certeza- que possam construir bombas de um novo tipo extremamente poderosas. Somente uma bomba desse tipo, levada por um barco e lançada em um porto, poderia muito bem destruir o porto por completo, bem como o território que o rodeia. No entanto tais bombas poderiam ser muito pesadas para serem transportadas pelo ar.

Os Estados Unidos só contam com minas de urânio muito pobres e em quantidades escassas. Há minas muito boas no Canadá e na Checoslováquia, enquanto a fonte mais importante de urânio está no Congo Belga.

Em vista desta situação, você poderia pensar que é desejável estabelecer algum tipo de contato permanente entre a Administração e o grupo de físicos que trabalham em reações em cadeia nos Estados Unidos. Uma possível forma de consegui-lo poderia ser colocar nesta função uma pessoa de sua inteira confiança, que talvez poderia servir de maneira extraoficial. Suas funções seriam as seguintes:

a) contatar com os Ministérios do Governo, mantendo-os informados dos próximos desenvolvimentos, e fazer recomendações para as ações de Governo, tendo particular atenção no problema que supõe assegurar um fornecimento de mineral de urânio para os Estados Unidos.

b) acelerar o trabalho experimental, que neste momento se efetua com orçamentos limitados dos laboratórios das universidades, mediante a contribuição de financiamento se for necessário, através de contatos com particulares do âmbito privado que estejam dispostos a fazer contribuições para esta causa, e talvez obtendo também a cooperação dos laboratórios industriais que possam ter a equipe necessária.

Entendi que a Alemanha deteve atualmente a venda de urânio das minas da Checoslováquia recentemente tomadas a força. Esta ação poderia ser entendida se levarmos em conta que o filho do Subsecretário de Estado Alemão, von Weizäcker, está atribuído ao Instituto Kaiser Guillermo de Berlim, onde alguns dos trabalhos com urânio realizados nos Estados Unidos estão sendo replicados.

Sinceramente seu,

Albert Einstein
Carta de Einstein para Roosevelt - Página 1
Carta de Einstein para Roosevelt - Página 2

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