A noção de que vivemos em um holograma foi popularizada a partir dos anos 90 quando o físico Leonard Susskind sugeriu que as leis da física como entendemos não precisam de três dimensões; de modo que o universo que experimentamos em 3D poderia ser a projeção de um universo bidimensional: as leis matemáticas estariam codificadas nesse espaço 2D, chamado uma fronteira ou um horizonte gravitacional dependente do observador. Desde 1997, mais de 10 mil papers científicos que examinam esta ideia foram publicados.

Kostas Skenderis, um dos autores do novo estudo, explica:

"Imagine que tudo o que vemos, sentimos e ouvimos em três dimensões (e nossa percepção do tempo) emana de um campo plano bidimensional. A ideia é similar à dos hologramas ordinários, onde uma imagem tridimensional está codificada em uma superfície bidimensional, como no holograma de um cartão de crédito, mas desta vez o universo inteiro está codificado."

Os cientistas sugerem que nas primeiras etapas do universo tudo estava sendo projetado no espaço tridimensional a partir desta superfície bidimensional. O físico Niayesh Afshordi, um dos autores da pesquisa, reporta que irregularidades na radiação de fundo do Big Bang indicam uma explicação holográfica.

A teoria é uma forma de explicar o ritmo acelerado da inflação cósmica que teria feito com que o universo se expandisse para além da velocidade da luz em seus primeiros instantes. Ainda assim, sustenta poder conciliar as aparentes inconsistências entre a relatividade geral e a mecânica quântica. Ao eliminar uma dimensão espacial também pode ser eliminada à gravidade dos cálculos para torná-los mais fáceis.

Skenderis diz:

"A teoria de Einstein da relatividade geral explica muito bem quase tudo a grande escala no universo, mas só se começa a desentranhar quando examinamos suas origens e mecanismos a escala quântica. Os cientistas vem trabalhando durante décadas para combinar a teoria de Einstein da gravidade e a teoria quântica. Alguns acham que o conceito de um universo holográfico tem o potencial para conciliar os dois. Espero que nossa investigação dê um novo passo para isto."

Para provar sua teoria, a equipe construiu um modelo computacional com apenas duas dimensões espaciais e uma temporária. Ao inserir os dados do universo atual e rodar uma simulação utilizando os dados da radiação de microondas a matemática encaixou perfeitamente, ainda que o modelo construído tinha 10 graus de largura.

Isto só significaria que nosso universo foi em seu princípio um holograma que se projetou em mais dimensões, e não necessariamente que vivemos atualmente em um holograma. Para nós, ao menos, as três dimensões espaciais são reais. No entanto, não há explicação de como aconteceu este passo hiperdimensional. Fica também a noção um pouco espantosa, ao menos desde o ponto de vista filosófico, da codificação das leis do universo em um espaço bidimensional e sua projeção como mundo material. Essas leis existem de maneira transcendente, em uma espécie de eternidade suspensa? Neste sentido muito da física moderna tem ecos do idealismo platônico. Todo o qual evoca a famosa frase de Platão de que o tempo é uma imagem móvel da eternidade, ou em outras palavras, uma projeção holográfica.

Via | Science Alert.

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