Porque todos deveríamos agradecer as correções, ou o problema dos especialistas

LuisaoCS

Porque todos deveríamos agradecer as correções, ou o problema dos especialistas

Não a correção política, obviamente. Mas ainda que possa parecer que isso compromete nossa reputação, devemos permitir que nossos parceiros nos corrijam. Que as esposas retifiquem o GPS interno de seus maridos, que os namorados afiram a bússola desreguladas de suas namoradas. Isso evitará que cometamos tantos erros. Também é bom que deixemos que colegas, pais, parentes e inclusive desconhecidos nos corrijam.

A melhor forma de detectar erros em um texto que você acaba de escrever, por exemplo, é submetê-lo ao escrutínio de outros olhos, ou então lê-los novamente mais tarde ou no outro dia. Por isso a Lei de Linus é tão poderosa. Inclusive se o leitor for leigo, vai acabar descobrindo erros que passarão despercebidos pelos especialistas (precisamente porque os especialistas corrigem pouco).

O hábito é um grande amigo, pois nos poupa tempo e muito esforço mental. Mas também pode matar nossa capacidade de perceber situações novas. Após um tempo só vemos o que esperamos ver. Passamos roçando as coisas e não vemos os detalhes, senão os padrões gerais. É como se fosse uma espécie de leitura dinâmica presente no nosso cotidiano.


Exatamente por isso, devemos ter muito cuidado com as hierarquias e os profissionais, porque um excesso de confiança neles poderia fazer com que tropeçássemos na falácia de autoridade.

Conquanto as autoridades são importantes à hora de hierarquizar o que é mais verdade do que é mais mentira (por exemplo, um estudo de duplo cego publicado em uma revista científica é mais verdade, por definição, que a opinião de alguém que escreve em um blog pessoal), nem sempre é necessariamente assim. E isso também devemos levar em conta.

Só para que se tenha uma ideia do boom de informação que estamos vivendo nesse momento, a cada 48 horas é gerado tanto conteúdo digital como desde o princípio da civilização até o ano de 2003; isto é aproximadamente cinco exabytes de informação. E isso acontece agora na Internet quando apenas dois milhões de pessoas, dos sete bilhões que há na Terra, estão conectadas. O que ocorrerá quando todo o mundo participe dessa ágora? O que acontecerá quando surgirem ainda mais plataformas para produzir conteúdos?

Em frente a tamanha avalanche de informação, não podemos depositar nossa confiança cega nas autoridades. Também devemos permitir sistemas de supervisão cidadã da informação, hierarquização de massas. A Lei de Linus aplicada na Internet de forma massiva.

Este tipo de sabedoria coletiva é um tema controverso. A maioria de nós parece ser imbecil: vejam as estupidezes da modas, o gregarismo, os programas mais vistos, os livros mais lidos... No entanto, se a colaboração entre as massas reúne certos requisitos, como uma leve hierarquia flexível e muita diversidade, então acontecem verdadeiros milagres como a Wikipedia.

Por essa razão, além de introduzir sistemas de hierarquias sobre a confiabilidade de uma informação, também devemos permitir a crítica aberta, a opinião das massas (especialistas e não). Bem conduzida e gerenciada, estou convencido de que enriquecerá bem mais o que for dito pelos especialistas. E evitará, no possível, os erros que cometem os experientes por sua própria natureza de experientes.


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