O atlas dos significados no cérebro
Uma equipe de pesquisadores identificou as zonas do encéfalo que são ativadas com diferentes campos semânticos. Uma mesma palavra pode ativar um amplo leque de regiões cerebrais em função do que signifique.
Quando uma pessoa escuta a palavra "lula", por exemplo, é possível que seu cérebro maquine diferentes áreas em função do significado. Se lula for o calamar cefalópode, os neurônios ativados são muito diferentes dos disparados quando se trata do ex-presidente poltrão. A equipe de Jack Gallant realizou um meticuloso trabalho de medida de sinal cerebral para identificar as diferentes zonas de atividade em função da informação semântica.
O trabalho, publicado na revista Nature, consistiu em realizar ressonâncias magnéticas funcionais em voluntários para analisar a atividade de seu cérebro enquanto escutavam uma gravação de duas horas de rádio. Comparando a atividade de uns e outros, e as palavras escutadas na gravação, os autores compuseram um atlas semântico que serviu para identificar até 100 áreas diferentes do córtex cerebral em ambos hemisférios.
Pode, a princípio, parecer uma bobagem, já que todos sabemos os diferentes significados dos homófonos, mas o caso é que o resultado serviu para formar uma espécie de mapa do cérebro e os lugares onde se encontram os diferentes significados da mesma palavra.
Curiosamente, em todos os voluntários envolvidos as zonas se mostraram bastante coincidentes, isto é, quando a palavra tem uma associação numérica, ou quando tem a ver com bichos, ou com plantas, se ativa o sinal nas mesmas regiões do cérebro como se estivessem organizadas por categorias similares, o que poderia ser devido as semelhanças culturais entre os voluntários. Mas quando a palavra não tinha uma significado diretamente associado, as zonas variavam segundo a preferência por um significado ou outro.
Um dos aspectos mais interessantes do estudo é que acaba de vez com a imagem estática que às vezes temos das funções da linguagem no cérebro: tendemos a pensar que as palavras são armazenadas em gavetas, ou que só estão ativas em regiões muito concretas como a área de Broca ou de Wernicke, quando a verdade é que a atividade acontece em toda a córtex e em todas as regiões do cérebro.
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