A faísca da vida: captam luz que é liberada quando um esperma encontra com um óvulo
Uma das analogias que melhor evidenciam a representação da vida poderia ser a de uma faísca. Isto sobretudo se considerarmos que entre os atributos do ato de "ser" se incluem aspectos como a contundência, a nitidez e a fugacidade.
Ademais, obviamente, existe uma sincronia de fatores que raiam no milagroso, tanto para que a vida como a faísca emirjam do estado original das coisas. E talvez seja por isto que o fato de que a vida humana comece, literalmente, com uma faísca de luz, resulte tão comovente quanto espantoso.
Ainda que já sabiam do sugestivo fenômeno lumínico que ocorre no instante pontual em que um espermatozoide entra em contato com um óvulo, pela primeira vez na história os homens de ciência conseguiram capturar o arquetípico momento.
Este gênesis enquadrado em biopirotecnia deve-se, em termos científicos, a milhões de átomos de zinco armazenados no óvulo e que o esperma ativa quando aparece em cena. O choque, registrado por pesquisadores da Universidade de Northwest, produz uma labareda iluminada que indica que efetivamente se consumou a concepção, confabulando assim uma nova vida.
Para além dos envolvimentos científicos desta descoberta, que incluem a possibilidade de determinar se um óvulo está ou não fecundado, a cena nos remete a esses episódios precisos em que a ciência se encontra com o maravilhoso, aquilo que desborda os limites do método e da racionalidade, para desembocar nos domínios do simplesmente portentoso: a vida como um latente milagre, até certo ponto inexplicável, mas ao mesmo tempo contundente -por verdade, mais nítida que qualquer fenômeno explicável-.
Platão definia a poiesis como a causa que transforma qualquer coisa que consideremos de não-ser a ser, termo do qual se origina a palavra poesia e que bem corresponde com este momento de luz que marca o começo de nossas vidas.
É que quando a ciência se torna poética, quando se olha no espelho do intangível, geralmente encontramos essas pequenas chaves da existência, diminutos lembretes do milagre que é estar escrevendo ou lendo estas linhas. Este é precisamente um desses casos.
Se a vida humana se autocelebra no momento de iniciar, pirotecnia incluída, talvez isto seja um convite a que nós façamos a mesma coisa em todos e cada momento do caminho (seja lá o que isso signifique para cada um de nós).
Via | Northwestern.edu.
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