Com frequência ouvimos gente tonta alegando que "com tanta fome no mundo, não entendo que gastem tanto dinheiro para viajar ao espaço". Sem querer mergulhar no raciocínio cinza desses "iluminados" e ainda que esse mesmo argumento raso poderia ser usado para deslegitimar quase qualquer atividade humana, viajar ao espaço comporta muitas vantagens colaterais.

Algumas das quais inclusive podem ser aplicadas para melhorar a vida das pessoas. Paralelamente, a cada vez existem mais interessados em que comecemos a colonizar outros mundos o quanto antes possível -como Elon Musk, Stephen Hawking ou Jeff Bezos-, o que suporia mais recursos, mais espaço, a possibilidade de que sejamos muitos mais milhares de milhões de pessoas.

Algumas das novas tecnologias que surgiram graças à corrida espacial são os sistemas de combate a incêndios, estudos sobre o dano causado pelos raios ultravioletas no ser humano, os raios laser, a fotografia satelital, o monitoramento climático, todo tipo de tintas e materiais anti-corrosivos, o conceito da energia solar e suas utilizações, todos os artefatos de comunicação sem fio.

Mais? Os sistemas de diálise, os escáneres, os purificadores de ar, os tratamentos contra o câncer por emissão de luz com diodos, melhores técnicas de plantio com consequente aumento na produção de alimentos, bio-reatores para desenvolver melhores anticorpos... e assim um etcétera com mais de 2.000 inovações.

Além da tecnologia, as viagens espaciais também proporcionam inspiração, a mesma que guiava as viagens dos antigos desbravadores e navegadores em busca de novas terras, recursos e conhecimentos. Tal e qual assinalou Buzz Aldrin em uma entrevista na revista Technology Review:

- "Em minha geração os programas Mercury Gemini e Apollo da NASA inspiraram inumeráveis estudantes a perseguir uma carreira em ciência e engenharia, criando uma força tecnológica nunca vista. São eles que produziram as mudanças que vivemos hoje."

Celulares, computadores. Este mesmo post pode ser lido em meio planeta graças aos efeitos colaterais da exploração espacial. Em suma, da busca de respostas, Carl Sagan explicava assim:

As fronteiras nacionais não existem quando vemos a Terra do espaço. Os fanatismos étnicos e religiosos ou os chauvinismos nacionais são difíceis de defender quando vemos nosso planeta como uma diminuta e pálida luz azul ante a cidadela de estrelas. Viajar amplia as perspectivas da mente...

Se quisermos sobreviver como espécie, teremos que alargar nosso patriotismo até incluir toda a comunidade humana, todo o planeta Terra. Muitos dos dirigentes de nossos países acharão que esta ideia é ruim. Não quererão perder poder. Vamos ouvir muito sobre traição e deslealdade. Mas as nações ricas terão que compartilhar a sua riqueza com as mais pobres, porque a escolha, como disse uma vez H.G. Wells em um contexto diferente, é o universo ou nada.

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