Porque algumas pessoas são tão chatas e outros casos de insensibilidade social
Há pessoas que realmente não tem nenhum semancol e, o pior e mais incômodo, elas nem sequer tem consciência disso. A música "O chato" de Oswaldo Montenegro é uma reminiscência deste tipo de pessoa que você pergunta: "Como vai?" e ele em vez de apenas responder: "Vou bem, obrigado! E você?", resolve contar como foi todo o seu dia tim-tim por tim-tim. Este é o mesmo caso daquele amigo que chega na sua casa na hora do almoço e não espera que você repita duas vezes convidando-o à refeição e já se senta a mesa.
Alguns, sem nenhuma dose de desconfiômetro, começam a falar contigo e não detectam de forma alguma que você quer limpar a conversa e ir para casa, que não está cômodo, que não está gostando nada de estar ali. Ainda que demonstre a melhor cara de úlcera gástrica que sabe fingir, ainda que, por pura educação, converse e responda monissilabicamente, ainda que dê um jeito de avisar que precisa ir embora, que estique a mão para cumprimentá-lo... elas seguem matraqueando.
Há pessoas que, simplesmente, são mais torpes para captar as sutilezas do universo emocional alheio. Uma classe de cegueira ou miopia que, de passagem, é um dos indicadores de diagnósticos da dislexia social. Seu oposto, a intuição social, reflete uma grande concorrência à hora de decodificar a corrente de mensagens não verbais.
Cegueira não verbal
Em qualquer interação há uma densa comunicação não verbal que pode ser mais ou menos evidente para nosso interlocutor. Não é necessário que estejamos ante um autista para que percebamos que o outro não é muito hábil interpretando nossos gestos ou inflexões de voz. E é porque há diferentes graus de insensibilidade social que os autistas apenas são um exemplo extremo do mesmo. As pessoas que, por exemplo, têm problemas para identificar adequadamente os movimentos que sublinham o que alguém está dizendo são denominadas "gestualmente disfuncionais".
Falta de autoconsciência
A falta de autoconsciência também constitui uma forma de insensibilidade social. São pessoas que parecem agir como se não tivesse ninguém mais ao seu redor. Os que falam com voz alta e fora de tom, os que não respeitam a fila no supermercado, os que são incapazes de sentir que desprendem um cheiro corporal nauseabundo que se magnifica insuportavelmente em um transporte público como o ônibus ou metrô.
As pessoas sem muita autoconsciência não só podem falar gritando em um restaurante ou biblioteca onde ninguém eleva a voz, senão que, ademais, quando abordam assunto inconvenientes e, às vezes, até indecorosos, e são repreendidos por isso, reagem com surpresa ou desconcerto. Isto é, não são nada conscientes de sua insensibilidade.
Tal e qual abunda no assunto o psicólogo de Harvard Daniel Goleman em seu livro "Foco: o motor oculto da excelência":
"Richard Davidson utiliza, para determinar a sensibilidade social, um teste centrado na zona neuronal que se ocupa do reconhecimento e a leitura dos rostos ("ou área fusiforme facial"), no qual as pessoas contemplam fotografias de diferentes rostos. Se pedem que identifiquemos a emoção que experimenta uma determinada pessoa, o escâner cerebral mostra uma atividade da área fusiforme. Como caberia esperar, as pessoas socialmente mais intuitivas mostram, em tal caso, um elevado nível de ativação. Quem, pelo contrário, têm dificuldades em se conectar com o comprimento de onda emocional, mostram níveis bem mais baixos."
Contudo, a maioria de todos nós fracassa em algum âmbito da interpretação emocional dos demais, ainda que seja a níveis microscópicos, como, por exemplo, um ligeiro arqueamento da comissura da boca (reação sarcástica), ou mais evidentes, como os pés de galinha que se formam a partir do canto dos olhos como o resultado de um sorriso franco e verdadeiro, que os cientistas chamam de "sorriso de Duchenne".
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