Para seu cérebro, ler em silêncio é como falar em voz alta
As crianças aprendem a ler pronunciando as palavras em voz alta, e pese que hoje seja comum que leiamos sozinhos em silêncio para nós mesmos, durante muito tempo isso foi considerado uma estranha anomalia.
Um grupo de neurologistas italianos realizou um interessante estudo, intitulado "Sound representation in higher language areas during language generation", que torna a realçar a relação entre o som e a linguagem desde o papel anatômico. Para provar esta relação, reuniram um grupo de 16 voluntários (12 homens, quatro mulheres) que passaram por cirurgias para remover tumores cerebrais malignos.
Os pesquisadores colocaram elétrodos no área de Broca do cérebro da cada participante -uma área responsável pela produção verbal- para monitorar sua atividade durante uma série de testes. Cabe realçar que os participantes estiveram conscientes durante o testes e a cirurgia foi feita mediante anestesia local.
Na primeira parte do estudo, os participantes leram frases e palavras em voz alta enquanto os pesquisadores mediam as ondas sonoras e os sinais elétricos no cérebro; na segunda parte, os participantes leram baixinho as mesmas frases e palavras.
O padrão resultante foi sumamente valioso, pois demonstrou que a área de Broca mostrou uma atividade similar quando os participantes leram em voz alta e também baixinho. Em outras palavras, em um nível anatômico, ler silenciosamente ou baixinho é processado literalmente como um discurso sem voz, como se as palavras fossem pronunciadas pelo cérebro, ainda que o som não saia pela boca.
Os autores esperam encontrar novos tratamentos contra a afasia (danos em áreas do cérebro produtoras de discurso) a partir da observação minuciosa da atividade cerebral durante a produção do discurso. Outra consequência interessante é que os resultados sugerem que para pessoas que escutam normalmente, a representação do som está no núcleo da linguagem, e não simplesmente como veículo para expressar uma atividade cerebral que de outra maneira seria misteriosa. Dito de outro modo, toda representação cerebral da linguagem passa pelo cérebro como discurso pronunciado em voz alta.
Via | D-Brief.
Notícias relacionadas:
Comentários
Nenhum comentário ainda!
Deixe um comentário sobre o artigo
Comentários devem ser aprovados antes de serem publicados. Obrigado!