Conseguem que ratos com paralisia caminhem 25 minutos sem falhas
O vídeo é espantoso. Um rato paraplégico caminha com fluidez por uma esteira e inclusive sobe escadas. Erguida sobre suas patas traseiras graças a um arnês é capaz de deslocar-se durante 25 minutos, sem falhas, pese a ter a medula espinhal seccionada em duas partes.
No entanto, os movimentos do roedor não são voluntários. São guiados por dois fios, eletrodos flexíveis que transmitem impulsos elétricos sobre sua medula espinhal. No outro lado destes fios estão os cientistas da Escola Politécnica Federal de Lausanne, Suíça.
A técnica, conhecida como estimulação elétrica epidural, consiste em colocar eletrodos na medula, embaixo da lesão, para gerar os sinais elétricos que deveriam chegar do cérebro se o roedor não tivesse a medula seccionada.
Não é uma técnica nova. Em 2009, o neurocientista estadunidense Reggie Edgerton, da Universidade de Califórnia em Los Angeles, demonstrou que ratos paraplégicos podiam dar passos mais ou menos coordenados depois de receber impulsos elétricos na medula espinhal lesionada.
Neste mesmo ano, a equipe de Edgerton conseguiu que quatro homens paraplégicos movessem voluntariamente seus quadris, tornozelos e dedos dos pés graças à estimulação elétrica contínua em sua medula espinhal.
A novidade do estudo suíço consiste em que os pesquisadores desenvolveram uma rede de câmeras e um sofisticado algoritmo matemático que monitora os movimentos dos ratos. Isto permite ao sistema autorregular-se e otimizar os impulsos elétricos que recebem os roedores para que seus passos e saltos sejam perfeitos. Isto é, permite adaptar em tempo real a marcha dos ratos aos obstáculos que encontram em seu caminho.
Os autores do trabalho, publicado na revista Science Translational Medicine, acham que esta estratégia poderia servir no futuro para melhorar os programas de reabilitação de pessoas com lesões na medula espinhal. Os primeiros ensaios clínicos, com pessoas voluntárias, serão realizados a partir do verão de 2015 se as autoridades suíças aprovarem.
Não é o único obstáculo que os cientistas terão que superar. O sucesso com os ratos foi devido em parte à injeção de um coquetel de fármacos que facilita a ação da estimulação elétrica nas patas paralisadas dos roedores. Estes fármacos ainda não foram aprovados para uso por humanos.
O avanço faz parte do projeto europeu NEUWalk, financiado com 9 milhões de euros pela União Européia e mostra um futuro promissor porque os cientistas conhecem cada vez mais como aproveitar a função residual que persiste na medula espinal de muitas pessoas com paralisia.
Via | Medical Daily.
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