Facebook não é internet: atacando a neutralidade da rede
Se tem uma coisa que me deixa fulo da vida são os ataques incessantes a neutralidade da rede. Já escrevi muitos artigos sobre o assunto, porque aqui respiramos internet. Por isso quando vemos ataques, é nossa obrigação comentar, defender e denunciar o que está acontecendo.
O Facebook, com as melhores das intenções -monetárias evidentemente-, está criando um problema nos países pobres com o Internet.org, um ataque à neutralidade da rede mascarada em "boa ação".
O Internet.org, projeto do Facebook para dar conectividade em zonas pobres, apresentou sua aplicação junto a uma interessante oferta para os cidadãos da Zâmbia; por agora só para os usuários da operadora Airtel, darão mediante esta aplicação acesso a internet de forma gratuita. Airtel tem 3,5 milhões de usuários em dito país.
A aplicação do Internet.org oferece acesso gratuito a uma série de ferramentas, como Facebook, Google, Wikipedia ou AccuWeather entre outras, entre as quais incluem algumas sobre previdência e trabalho.
O que em essência a organização sem fins lucrativos do Facebook criou é uma espécie de sub-internet, uma seleção de lugares e aplicações aos quais permite acessar gratuitamente. A intenção é boa, mas negativa para a neutralidade da rede.
A internet deve ser um lugar onde nada nem ninguém tenha um especial tratamento para acessar aplicações e informações, nem em países ricos, nem em países pobres. Isto é um trabalho das operadoras e dos governos para fazer com que o acesso a estas tecnologias seja mais barato e acessível.
O Facebook busca seu próximo milhão de usuários graças a Internet.org, uma forma de dar conexão a zonas remotas e a pessoas com poucos recursos, mas às quais deve abrir todas as possibilidades da internet, não uma pequena seleção escolhida a dedo.
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Comentários
Acho que a neutralidade da rede deve ser mantida, desde que o usuário esteja pagando o acesso.
Se ele não está, é o mesmo que usar o hotspot wifi de algum café onde algumas coisas são bloqueadas e outras liberadas.
Acho que é uma boa forma das pessoas aprender a usar e depois pagar pela internet 'completa'.
Vale destacar que o facebook é cheio de links externos aos quais estes usuários não terão acesso. Assim, mesmo ao usar o facebook a experiência não será completa.
Tem um dito por aqui que diz: "quer o c* e quer raspado ainda..."
O primeiro passo para a conectividade. Ele esta oferecendo. Tem custo? Tem. Já havia visto anteriormente, mas pense cá comigo; Depois algo melhor pode vir. Não é necessário sujeitar-se a isso.
Querem criar gado? Na WEB isso não dá muito certo.
Raciocine...
[ ]s
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