Assim era a Palestina há mais de um século: imagens de 1896 mostram inédita convivência pacífica
Material cinematográfico de 1896 recuperado pela Lobster Filmes e filmado por encomenda dos irmãos Lumière mostra as que talvez sejam as imagens em movimento mais velhas conservadas de Jerusalém e o país da Palestina, a eterna terra do conflito que o vídeo escolhe chamar com este termo usado não só pelos árabes, senão também por muitos dos grandes historiadores da antiguidade: gregos, egípcios, fenícios, etcétera.
O vídeo, não sem uma agenda política -com um discurso carregado de interpretação-, ainda que majoritariamente includente, sugere que os três grandes monoteísmos convivem harmoniosamente em Jerusalém, vivendo e rezando lado a lado.
- "Uma sociedade similar à que podia ser encontrada no Cairo, Damasco, Beirute ou outra cidade árabe", assinala com um modo picante da filosofia que foi criptografada por Lessing em sua obra "Nathan, o Sábio", onde as três religiões abraâmicas celebram seus pontos em comum e aceitam suas diferenças.
No final do século XIX, a Palestina tinha 500 mil habitantes, a maioria de árabes, 30 mil das quais vivem na Cidade de Jerusalém. No vídeo vemos pessoas de diferentes extrações: uma mulher muçulmana, um judeu ortodoxo, um armênio.
- "A Grande Mesquita encontra-se perto da tumba de Cristo, pouco além podemos achar o muro das lamentações onde um judeu faz sua oração", diz a voz do vídeo que parece querer nos dizer que existia uma verdadeira tolerância: uma paz antes da hiperpolitização que ocorreu com a intervenção britânica e os estigmas da Segunda Guerra Mundial -com essa “culpa coletiva” transmutada no estado de Israel-.
Nessa época então, o país era majoritariamente árabe, e todos viviam sob o domínio do império otomano. A pergunta que o vídeo –escolhendo um momento de aparente paz entre uma história de tensão- provoca de maneira sutil é: são os árabes ou o poder político árabe mais tolerantes?
Mais recentemente, vale a pena ressaltar, o povo que vivia em Huj (atual Sederot), no início de 1948, não era israelense, mas árabe. Eles nunca foram inimigos de Israel, inclusive um par de anos antes de 1948, os moradores de Huj abrigaram os terroristas judeus do Haganah -sim quem começou com esta história de homem bomba foram os terroristas sionistas-, perseguidos pelo exército britânico. Só que quando o exército sionista voltou a Huj, em 31 de maio de 1948, logo após o plano de divisão da ONU, expulsaram todos os árabes das vilas para a Faixa de Gaza! Os palestinos de Huj nunca mais puderam voltar à sua terra e, pior, hoje estão sendo massacrados e empurrados em direção ao Mediterrâneo.
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