A distração é uma ferramenta perfeita para manipular as pessoas

LuisaoCS

A distração é uma ferramenta perfeita para manipular as pessoas

Historicamente registraram-se inúmeros episódios em os que certos governos ou agendas se valem da distração da população, ou inclusive a fomentam, para tomar decisões ou exercer ações que de outra forma teriam encontrado muito maior resistência. Tão só no caso dos esportes, particularmente o futebol, detectaram-se múltiplas ocasiões nas quais um governo aproveita que a atenção em massa está depositada em um jogo, ou melhor ainda em um carnaval de partidas, como por exemplo a Copa do Mundo, para aprovar leis coercitivas ou aplicar emendas contrárias ao bem da sociedade e a favor de interesses específicos. Qualquer conexão disto com sua realidade sociopolítica é mera coincidência.


No caso da inserção de propaganda na mente coletiva este fenômeno consiste em promover uma verdadeira postura ou “verdade” excludente de uma forma na qual se converta em algo suficientemente ubíquo dentro do imaginário para que termine sendo aceito sem questionamentos -algo bem como inseminar a raiz a um grupo social com uma ideia determinada-. E ainda que muitos pensem que para que esta programação seja efetiva requer da atenção das pessoas que se busca programar, ao que parece o mais apropriado é bem o contrário, isto é, aquelas pessoas que estão distraídas durante a inseminação são mais vulneráveis e portanto programáveis.

Uma pesquisa realizada por Richard Petty, Gary Wells e Timothy Brock, que foi publicada no Journal of Personality and Social Psychology, sugere precisamente que, em alguns contextos onde existe um fator de distração, o influxo da propaganda resulta mais efetivo. O estudo concluiu que, quando se trata de comunicar um argumento a favor de uma postura, a distração reforça o caráter convincente do mesmo, diferente de quando se trata de inserir um sentimento.

Durante o experimento os voluntários encararam dois tipos de propaganda, uma que podia ser facilmente contra-argumentada, e outra que não. Quando os voluntários eram abordados com o segundo tipo de propaganda, demonstraram ser menos propensos a aceitá-la –aparentemente, porque sua complexidade a tornava mais sentimental que racional-. Ao contrário, quando os marketeiros tinham que “vender” uma postura facilmente questionável, descobriram que os voluntários eram notavelmente mais propensos à comprar quando existia uma distração no meio.

O estudo representa uma mostra relativamente pequena mas, curiosamente, reforça essa conclusão analítica e intuitiva que muitas pessoas já perceberam: a distração vulnera os anticorpos críticos em uma população mediana. Talvez por está razão, entre outras, os políticos sempre apoiaram os espetáculos esportivos, enquanto as corporações são cada vez mais assíduas aos espetáculos de entretenimento, por exemplo, os festivais musicais financiados por marcas famosas.


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