Por que os bebês nunca sofrem de acrofobia, medo às alturas?
Estou convencido de que muitos adultos passaria a ter a capacidade de cortar pregos com o orifício corrugado somente por calcar o "Chamonix Skywalk" localizado no pico Aiguille du Midi (França), a 3.842 metros. No mínimo sentiríamos certa intranquilidade. Eu, diretamente, sentiria acrofobia, que esse medo danado das alturas. No entanto, se um bebê passeasse pelo solo transparente da plataforma, faria com tanta tranquilidade como se estivesse brincando no tapete de casa. Por que isso?
Acontece que os bebês são incapazes de sentir medo de altura, nem sequer uma leve intranquilidade. E se um bebê cair de um lugar, não terá medo ainda assim, e seguirá caindo com a mesma falta de cautela. Nossa propriocepção -a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo ou a percepção visual que temos do nosso próprio movimento- só chega quando nos tornamos adultos. Ao menos é o que sugere um estudo publicado na revista Psychological Science por parte de uma equipe de psicólogos liderados por Joseph J. Campos, que analisaram o comportamento de bebês que engatinhavam e bebês que ainda não tinham aprendido a fazê-lo.
Os testes consistiram em introduzir bebês que ainda não engatinhavam em andadores para habituá-los ao movimento. Semanas depois, ao situar todos os bebês sobre uma plataforma elevada, os que não sabiam engatinhar apresentavam mais ansiedade do aqueles que sim sabiam.
Do mesmo modo, em outra fase do experimento, os bebês ficaram dentro de salas que moviam o teto e as paredes: o objetivo era recriar a sensação de mover-se para frente. Os que passaram pelos andadores retrocederam, os que não, se moveram muito menos. Segundo Campos:
- "Estes testes sugerem que o ato de impulsionar o corpo ensina o cérebro a ficar atento ao que há em seu campo de visão periférica para ajustar seu equilíbrio".
Esta análise explicaria o motivo pelo qual as pessoas ficam enjoadas com maior facilidade viajando em um helicóptero do que em um avião. A visão periférica durante a viagem no avião é quase a mesma durante todo o trajeto, enquanto a do helicóptero é mais variável.
O estudo não abunda no assunto, mas não é disparatado conjecturar, que algumas pessoas tem mais juízo propriocepção do que as outras. O que explicaria como alguns tem tanta facilidade para desafiar as alturas enquanto outras praticamente se borram.
Via | Eureka Alert.
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