A síndrome “Truman Show”: que fazer quando a paranoia se torna real?

LuisaoCS

A síndrome “Truman Show”: que fazer quando a paranoia se torna real?

Muitos de nós provavelmente recordemos bem "The Truman Show", o filme de 1998 protagonizado por Jim Carrey, que estreou no precoce auge dos reality shows. Apesar de que as "Câmeras Ocultas" e similares já existissem há décadas na televisão, a mudança de milênio e as dúvidas sobre o E2K mudaram nossa relação com a tecnologia de uma maneira mais rápida e repentina que em qualquer outro momento da história.

No filme, Nick Lotz é protagonista de um reality show onde tudo o que ele vê ou faz é registrado e transmitido em tempo real a milhões de pessoas ao redor do mundo. Mas segundo Andrew Marantz do New Yorker, sentir-se observado e vigiado não é exclusivo da ficção:


- "As mudanças na tecnologia", afirma, "ocasionaram que o conteúdo das alucinações mude com os anos: nos anos 40, os japoneses controlavam as mentes dos americanos com ondas de rádio; nos 50, os soviéticos faziam-no com satélites; nos 70, a CIA implantava chips de computadores nos cérebros das pessoas".

E nos nossos dias? Com o esquema de vigilância global revelado por Edward Snowden e os 52 bilhões de dólares que o governo dose EUA gasta ao ano para monitorar as comunicações das pessoas, de algum modo todos estamos dentro de uma espécie de Truman Show cujos espectadores privilegiados são os membros da NSA. Não é paranoico se em realidade nos vigiam.

Mas podemos pensar também que, ainda que não sejamos objetivos de alto nível para as agências de espionagem, as redes sociais nos tornam protagonistas de um show protagonizado por nós mesmos ao qual damos acesso a outros que fazem a mesma coisa: um tweet pode ser lido em segundos por milhões de pessoas, e os 15 minutos de fama que Andy Warhol vaticinava para cada pessoa podem ser reduzidos a muito menos do que isso.

O manual para diagnóstico de desordens mentais (DSM-5, em sua última versão) catalogou os delírios em duas ordens: bizarros e não bizarros, descritos respectivamente como impossíveis e como possíveis, mas falsos. Assim, um delírio bizarro poderia ser "estou morto", e um não bizarro, "milhões de pessoas estão obcecadas comigo". Mas para ajustar à realidade, o DSM-5 deveria considerar que o senso comum sofreu um golpe irreparável durante os últimos anos. Inclusive Barack Obama já disse que é absurdo e ingênuo pensar que os governos não vigiam as pessoas.

É pelo estado atual da realidade que os casos da "síndrome Truman Show" não poderia ser considerada necessariamente uma doença mental: após tudo, não é totalmente paranoico se, seriamente, estejamos sendo vigiados.

Via | PopSci.


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