Curtir: o efeito do elogio na Internet

LuisaoCS

Curtir: o efeito do elogio na Internet

Todos gostamos de tapinhas nas costas. De fato, a maioria de nossas ações estão encaminhadas a buscar, implícita ou explicitamente, o elogio, o respaldo, o reconhecimento dos demais. Porque, permitam a licença poética, somos mais nós quando nos refletimos nos olhos dos demais, apesar de tudo o que dizem a propósito da individualidade ou o "faço as coisas porque quero fazê-las sem me importar o que os demais digam".

Esta inclinação humana inclusive pode advertir em um sinal tão aparentemente insignificante como um "Curtir" em algum de nossos estados do Facebook. Ao menos é o que sugere Yochai Benkler, um especialista em leis de Harvard, e Helen Nissenbaum, professora da Universidade de Nova Iorque, em seu ensaio de 2005 "Common Wisdom: Peer Production of Educational Materials", cuja tese central é que os estímulos sociais são muito importantes à hora de que a gente aborda atividades de todo tipo.


Até o ponto de que os comentários elogiosos dos demais se convertem em uma recompensa em si própria, porque se baseiam em um sentimento de conexão e não em uma mera formalidade, considerando-se assim o elogio como outra recompensa extrínseca, como o dinheiro.

A partir da observação de vários exemplos de participação como estes, incluindo especialmente a criação de software a partir do intercâmbio de contribuições entre iguais, no modelo chamado software de código aberto, Yochai e Helen concluem que as motivações sociais reforçam as pessoais; nossas novas redes de comunicação fomentam a afiliação e a troca, e ambas são coisas boas tanto por elas mesmas como pelo que geram, e também proporcionam apoio para a autonomia e a concorrência.

Este círculo fechado de retroalimentação entre motivações pessoais e sociais é aplicável à maioria dos usuários do excedente cognitivo, desde a Wikipédia até qualquer outro sistema colaborativo. Este anseio pelo tapinha nas costas é tão poderoso que um usuário da internet poderia simplesmente fingir ou impostar sua atividade para receber parabéns. è possível extrapolar que é justamente isto o que ocorre na vida real quando alguém compra uma marca pirata para fingir que é verdadeira aos olhos dos demais, por exemplo. No entanto, no âmbito da Internet resulta muito menos custoso em todos os sentidos fingir que faz ou desfaz, apóia ou condena, milita, sente, compartilha.

Até ao ponto de que alguns pesquisadores do fenômeno da Internet consideram que muitos dos movimentos sociais que propiciam as redes sociais em realidade têm mais de espelhismo que de militância, de impostura intelectual e social em busca de tapinhas do que da verdadeira entrega. Simplesmente porque basta um simples clique para demonstrar sua adesão a qualquer causa, algo que só exige uns poucos segundos de seu tempo e que ao final, quase sempre, não vale de nada.


 

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