Por que é ruim usar roupas falsificadas?

LuisaoCS

Por que é ruim usar roupas falsificadas?

Muitas empresas podem sair ganhando com as falsificações de seus produtos, sobretudo no âmbito da moda cuja falsificação acaba acarretando uma obsolescência do produto e gerando a expectativa de um novo ou nova versão do produto no mercado, isso sem contar com o marketing popular do boca a boca que acaba valorizando ainda mais a marca. No entanto, se vestimos imitações de marcas piratas, então, talvez, os mais prejudicados sejamos nós.

Nossa vestimenta, uma vez que cobrem as necessidades básicas, funciona como uma "sinalização externa", tal e qual denominam os cientistas sociais: transmitir aos demais o que somos mediante o que usamos.

Durante a história muitos povos tentaram padronizar esta "sinalização externa" com severas leis. Por exemplo, na Inglaterra renascentista só a nobreza tinha a autorização para vestir determinadas classes de pele, tecidos, rendas, colares, calçados, etc. As razões eram óbvias: se permitissem que todo mundo se vestisse como bem entendesse, então distinguir a classe social mediante a roupa se tornaria mais difícil.


Hoje em dia ocorre algo muito parecido, mas em vez das leis são usadas outras estratégias. O preço é uma das principais: se uma bolsa é vendida a um preço 40 vezes mais cara do que o habitual só pelo fato de que foi desenhada por algum fulano de voz afetada para uma marca consagrada, então privamos todos aqueles que não disponham do dinheiro suficiente para comprá-la. E, por sua vez, as imitações ou falsificações, algumas vezes melhores que os originais, são a maneira que o mundo encontrou de superar esta barreira.

Com tudo, deixando de lado as razões legais do assunto, vestir com produtos falsos não é uma ação fútil nem sequer a nível psicológico. É o que os cientistas sociais chamam de "auto-sinalização". Isto é, que o portador está consciente de que sua vestimenta é uma falsificação, e não age, então, do mesmo modo que se usasse uma roupa autêntica.

Para deixar em evidência este efeito psicológico, Dan Ariely (autor do livro A mais pura verdade sobre a desonestidade) e Michael Norton (professor da Universidade de Harvard) realizaram um experimento, recrutando várias estudantes da área empresarial, e atribuíram à cada mulher uma de três situações: autêntica, falsa ou sem informação.

Na autêntica, disseram que usariam óculos da Chloé. Na falsa, disseram que os óculos emprestados eram falsos, mas que pareciam idênticos aos da Chloé (de fato, todos os produtos usados eram de uma outra marca: McCoy). Por último, na condição sem informação, não disseram nada sobre a autenticidade dos óculos.

A seguir, as mulheres deviam interagir com um velho amigo com o qual podiam ou não enganar sobre determinadas questões. As que mais enganaram foram as que usavam as imitações. Graças ao grupo de controle que não sabia se usava artigos falsificados ou não, se deram conta de que usar um artigo autêntico não as tornava mais honestas: o que lhes tornava mais desonestas era usar um artigo falso. Ou seja, o uso de um artigo falsificado permitia relaxar em verdadeiro modo as limitações morais, distorcendo como percebemos a nós mesmos.


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Comentários

Significa exatamente o que está escrito.
Cuidado com a correção política!

gostei do enfoque mas nao entendi o que vc quis dizer com "algum fulano de voz afetada".
Cuidado com o preconceito!

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