Dentro das testemunhas mudas de nossa vida cotidiana, talvez nenhum tão eloquente como nossa vestimenta, essa espécie de pele artificial com a qual suprimos nossa perda natural de pelos, escamas ou qualquer outro tecidos que, como acontece com outros animais, nos permitisse seguir leves e fagueiros pela vida nus, mas protegidos.

Assim desenvolvemos diversas técnicas para cobrir nossos corpos e sobreviver as condições climáticas do mundo, que resultaram em diversas vestimentas cuja evolução também é muito interessante seguir e conhecer.

Recentemente, um grupo de arqueólogos austríacos dirigidos por Beatrix Nutz, da Universidade de Innsbruck, realizou a descoberta de um sutiã e uma peça que remete a uma calcinha cuja antiguidade ronda aproximadamente os 6 séculos, isto é, pertencentes à Idade Média.

O relevante do achado é que sua forma revela ou sugere alguns dos hábitos comuns na época. Primeiramente por que muda a história de que o sutiã é uma versão contemporânea -criada por uma tal de Mary Jacobs- confortável, dos espartilhos dos séculos XVIII e XIX. Na verdade estes sim são um versão mais restritiva do sutiã. Segundo porque sugere que o Medievo europeu foi bem mais liberal do que críamos. A peça da segunda imagem deste post não era usada como calcinha senão como cueca de uso exclusivo entre os homens. Segundo os arqueólogos naquela época as mulheres não usavam roupa íntima.

É que talvez a Idade Média seja um dos períodos mais contraditórios e ainda confusos, inexplorados, da história da humanidade.

Via | io9.

Se considerarmos que também era chique, recolher e guardar num camafeu as pulgas da pessoa amada como forma de tê-la um pouco junto de si, fica claro o quanto os hábitos evoluíram. Acho que não usar roupa íntima, para uma mulher deveria ser uma questão de higiene. Com tanto pano na roupa, imagina fechar a preciosa num envelope... quem aguentaria? Mas, de fato, a Idade Média é um dos períodos mais estereotipados, quase nunca correspondendo à realidade da época. Tende-se a generalizar o que é local, como a recato católico, por exemplo. Nem tudo era trevas.

Por: Edgar Rocha 25 Jul, 2012 - 01:29:06