Por que as empresas deveriam contratar pessoas introvertidas?

LuisaoCS

Por que as empresas deveriam contratar pessoas introvertidas?

Ao discurso trabalhista dominante da audácia, temeridade e protagonismo, pode opor-se um que destaca as qualidades dos introvertidos como vantagens no meio trabalhista: a persistência, a cautela e a solidão como fundamentos de um bom desempenho profissional.

Há muitos anos, a retórica trabalhista e de contratações vem privilegiando um perfil psicológico audaz, temerário, propositivo para as pessoas que desejam conseguir um emprego, marginalizando um pouco àqueles cuja essência é justamente aquela oposta que tanto apregoam: tímido, retraído, receoso de lideranças e do reconhecimento público, ou seja, o típico Zézinho, sempre na dele, mas tão eficiente quanto.

Contudo, existe uma corrente paralela a esse mesmo discurso dominante que sublinha os traços de introversão que redundam em benefício no meio trabalhista, tanto para o introvertido como para a empresa que se serve de seu trabalho.


Recentemente Susan Cain escreveu na revista The Atlantic uns tantos parágrafos onde resenha estas vantagens dos introvertidos. Diz, por exemplo, que um introvertido permitirá a outros desenvolver projetos próprios que tenham uma boa probabilidade de se consumar com sucesso, isto porque, diferente do extrovertido, que busca a todo custo que ninguém mais triunfe, a não ser ele próprio, o introvertido não terá problemas em compartilhar o brilho da glória.

Igualmente o introvertido tem a seu favor outras inclinações de comportamento que são consubstanciais a sua personalidade: a persistência, a cautela e a solidão.

Da primeira, que às vezes raia a obstinação e a teimosia, obriga o introvertido a lidar com um problema e não abandoná-lo até dar com sua solução: - "Não é que seja mais inteligente, é que passou mais tempo com os problemas".

A segunda impede-o de tomar riscos desnecessários ou sem antes calcular o custo da melhor forma possível, atributo que, extra-laboralmente, faz do introvertido um trabalhador seguro, um que dificilmente se enrolará em problemas pessoais desnecessários, como por exemplo se envolver em um acidente de automóvel por dirigir bêbado no fim de semana.

Quanto à solidão, histórica e estatisticamente, comprovou-se como uma condição imprescindível para o exercício e o cultivo da criatividade; em todas as épocas, em todas as disciplinas. O introvertido, que desfruta à sua maneira de estar sozinho ou, melhor dizendo, conhece o prazer nas atividades realizadas em solidão, entre as quais se destacam aquelas que se traduzem em um melhor desempenho intelectual.

Assim, ainda que o caráter extrovertido seja usado como parâmetro primordial nas novas contratações, fica claro que a introversão não desmerece nada em frente a seu oposto. De modo que os empregadores deveriam deixar de olhar com tanto destaque para o pessoal do marketing e prestar mais atenção no trabalho do Zézinho, muito possivelmente o responsável pelo sucesso da empresa.

Via | The Atlantic.


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Comentários

Este é o terceiro ou quarto texto que já li, desde que acessei o blog -- que conheci hoje. Muito bons os textos, Luisão! Além de tudo, deram-me um alívio que não imagina, e te agradeço por isso.
Parabéns,
Zezinha-Mariella

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