Será que os predadores ficam confusos com tantas variações nas cores de sapos venenosos?
Crédito: parrotdolphin
Uma mistura variada de minúsculos sapos venenosos saltitam na selva peruana. Essas espécies apresentam uma riqueza de cores e padrões envolvidas em sinalização de alerta - toxidade e impalatabilidade. Mas por que uma unica espécie de sapo evolui para uma tão ampla variedade particular de padrões de cores? A Ranitomeya imitator, por exemplo, vem com cerca de 10 padrões diferentes. Uma variabilidade tão grande é um desafio para os predadores, já que cada desenho é uma mensagem para eles memorizarem.
Mathieu Chouteau da Universidade de Montreal no Canadá é um biólogo evolucionista interessado em entender os mecanismos da variabilidade fenotípica nas cores de espécies de sapos venenosos. Ele e a namorada resolveram fazer um experimento. Juntos, confeccionaram 3.600 modelos de pequenos sapos, utilizando barro preto, em moldes com forma de sapo e pintando cada um em um dos padrões diferentes: amarela listrada ou reticulada, como uma girafa, com linhas verdes ( Ranitomeya ventrimaculata e Ranitomeya variabilis). Eles também fizeram sapos não tóxicos, marrons. Em seguida, juntaram todo o material e voaram para o Peru.
Os modelos representam os sapos que vivem em dois locais distintos: um na planície amazônica e outro em um vale, à cerca de 500 metros acima do nível do mar. Os dois locais são separados por uma cordilheira bem alta. Então, Chouteau espalhou os sapos em pontos estratégicos nestes dois locais. Três dias depois, ele voltou para verificar se os sapos de argila haviam sofrido ataques por predadores - pássaros.
O resultado foi que a maioria dos pássaros evitaram o modelo que se parecia com o sapo local, mas eles atacaram o modelo que se parecia com o sapo da localização adjacente. Parece que quando os predadores não reconhecem um sapo venenoso como sendo um membro do grupo local, ele ataca na esperança de que ele seja comestível. Percebe-se que diferentes padrões de sapos mudam as regras quando introduzidos em locais diferentes ao de costume. Padrões e cores tornam-se uniforme em uma área, e os pássaros conhecem bem os sapos dos seus habitats, mas podem ficar confusos e até cair numa armadilha para qualquer sapo que se desvie da norma da qual estão habituados. Naturalmente, seguiria diminuindo até cair para quase zero, porque logo os pássaros aprendem a identificar a nova cor de alerta para toxidade.
Chouteau ficou particularmente surpreso com a escala muito pequena do espaço em que o processo evolutivo tem ocorrido. Dez quilômetros de separação foram suficientes para adaptações bem diferentes. A segunda surpresa foi a capacidade de aprendizagem da comunidade de predadores, especialmente a velocidade em que o processo de aprendizagem ocorre quando um sinal de novos sapos tóxicos são introduzidos em grande escala. Ainda não foi possível explicar completamente a incrível diversidade de padrões de cores dos dendrobátidos. Há muito para ser estudado. Mas, em parte, deve-se à uma adequação no ambiente onde as espécies vivem. Os predadores impulsionam a evolução nos padrões de cores. E, provavelmente, as diferenças surgem por deriva - mudanças aleatórias nos padrões se estabelecem e continuam evoluindo para fabricar distintivos sapos coloridos.
Via | Science Now.
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