Por Um Mundo Selvagem é uma categoria da Go Outside, com perguntas e respostas sobre temas que vão de esportes a meio ambiente. Selecionei algumas curiosidades. Vamos começar com pinguins e seus intrigantes pés. A questão é: Por que os pé dos pinguins não congelam com a friaca? Bem, pinguins da Antártida estão acostumados a águas com temperatura de 30 graus negativos, seus pés, mesmo com aquele famoso jeito atrapalhado e vulnerável, são bem equipados com uma camada extra de gordura, com pele bem grossa e uma espécie de escama modificada que os deixa mais próximos de uma temperatura ambiente. Esses bichos também têm um jeito bem curioso para espantar o frio: como seus calcanhares e cauda ficam meio instáveis, balançando para trás, eles reduzem assim a área de contato que teriam com a superfície gelada.


Se eu estiver pedalando com minha bike durante uma tempestade de raios, os pneus me protegerão de ser atingido?

A borracha é um material isolante, que impede a passagem de corrente elétrica, mas os pneus de sua bike não seriam suficientes para lhe proteger de uma tempestade com raios. O pneu não aguentaria a descarga de milhares de volts e derreteria quase instantaneamente. Por isso, se você estiver pedalando e o mundo começar a desabar sobre a sua cabeça, a melhor coisa a fazer é descer da magrela e buscar abrigo em um lugar seguro, longe de árvores, poças de água e objetos de metal.

Por que as aranhas viúvas-negras comem seus parceiros?

Para capturar suas presas, a Latrodectus mactansela injeta nelas uma potente neurotoxina que causa paralisia. No período do acasalamento, se um macho se aproxima de sua teia com segundas intenções e a fêmea está faminta, ele poderá fornecer a ela mais do que seu sêmen. Terminada a cópula, a fêmea, que é bem maior que o macho, o ataca para saciar seu apetite. Se ela não está com fome, entretanto, o macho não sofre nenhum arranhão. A vantagem evolutiva seria que machos que se oferecem em sacrifício às parceiras teriam mais chance de passar para frente seus genes, já que estariam contribuindo para a sobrevivência da fêmea – e o futuro nascimento de seus filhotes. Muito gentil da parte dele.

Por que as vacas têm quatro tetas se elas raramente dão cria a dois filhos, quanto mais quatro?

Os cientistas acreditam que há milhões de anos os ancestrais dos bovinos tinham ninhadas numerosas e não apenas com um ou dois bezerros, como as vacas de hoje. Registros fósseis mostram que no passado remoto vacas e porcos dividiram um ancestral em comum. Essa criatura dava ninhadas com 12 a 24 bebês e, por isso, ela precisava de muitas tetas para alimentá-los adequadamente. O tempo passou e, aparentemente, as vacas retiveram esses bicos extras que, no final das contas, lhe trazem certas vantagens. Com mais de uma teta, ela garante o fornecimento de alimento para o bezerro mesmo que uma delas fique inflamada. Um fato curioso é que por volta de 50% dos bezerros nascem com mais de quatro tetas.

Por que peixes de água salgada não sobrevivem em água doce e vice-versa?

Algumas espécies de peixes, como o salmão, conseguem tolerar diferentes concentrações de sal na água. Mas no geral, o organismo dos peixes marinhos não está adaptado a viver em um ambiente com uma concentração mais baixa de sal – e o contrário acontece com os peixes de água doce. Isso porque os líquidos que circulam no corpo de peixes marinhos como linguado, garoupa ou cioba têm praticamente a mesma proporção de sais existente na água do mar. “Quando um peixe marinho é colocado num ambiente de água doce, o teor de sal de seu corpo é maior do que o encontrado no manancial, e o corpo do peixe, por um processo de osmose celular, tende a absorver mais água e inchar. Como os rins do animal não conseguem expelir o excesso de água absorvido, ele acaba morrendo – pode até explodir. Se um peixe de água doce no mar, o processo é o inverso. A concentração de sal no seu corpo é menor do que a do mar, o mesmo processo de osmose faz com que ele perca líquido, num esforço do organismo para chegar a um equilíbrio. Com isso, acaba desidratando e morrendo.

Baleias e golfinhos podem respirar pela boca?

Os cetáceos são mamíferos marinhos que possuem sangue quente e respiram o ar atmosférico por meio de pulmões, vindo à superfície em intervalos regulares para realizar as trocas gasosas. Não há uma conexão direta entre a boca desses animais e seus sistemas respiratórios. O ar circula nesses mamíferos a partir de um orifício localizado perto do topo da cabeça, daí seguindo diretamente para dentro de suas cavidades nasais, laringe, traquéia e pulmões. Ao contrário de nosso sistema respiratório, o sistema de respiração das baleias e dos golfinhos é totalmente fechado. Também não há comunicação entre o trato respiratório e o sistema digestivo desses animais, e o esôfago e a traquéia estão completamente separados um do outro. Isso permite, por exemplo, que as baleias e os golfinhos se alimentem debaixo da água sem se afogar.

Bebês são mais venenosas que as adultas?

Uma cobra venenosa eclode do ovo de sua mãe totalmente formada e com um amplo estoque de toxinas que são, sim, quase sempre mais venenosas que a de seus pais. Como os recém-nascidos não usaram seu veneno ainda, isso o deixaria mais concentrado e potente, já que ele ainda não precisou se regenerar. Especialistas sugerem que o veneno das cobrinhas contém uma alta porcentagem de água, o que aceleraria a sua absorção pelo sangue da vítima. Algumas espécies de cobras, como a jararaca, têm características diferentes de adultos para filhotes, ou mesmo de macho para fêmeas. Essa variação pode influenciar no tamanho corporal, na coloração e também no veneno. O veneno dos filhotes de jararacas é diferente do das adultas, pois os bebês se alimentam de presas diferentes. Quando filhotes, essas cobras atacam sapos e lagartos, que são animais de "sangue frio". Quando adultas, devoram ratos de "sangue quente", por isso precisam de uma ação do veneno diferenciada”. Apesar da alta toxicidade dos seus venenos nas cobras bebês, sua produção é sempre menor, já que elas têm pequenas bolsas de veneno. Outra coisa, as cobrinhas não têm muita habilidade em se lançar contra as presas ou projetar seu veneno.

Espantalhos funcionam mesmo?

Os espantalhos surtem efeito apenas num primeiro momento. Depois que as aves descobrem o truque, elas fazem a festa. Para que funcionassem por longos períodos, protegendo as plantações do ataque de pássaros, os espantalhos precisariam fazer movimentos constantes, mudar de posição no campo com alguma frequência e ter a aparência dos predadores mais temíveis das aves, como uma coruja, um gavião ou mesmo uma figura humana. Agricultores do interior do Rio Grande do Sul criaram bonecos usando gaviões mortos para manter à distância as caturritas, aves da família do periquito que morrem de medo do predador. Os gaviões foram salgados, desidratados e espetados na ponta de estacas de asas abertas no meio de pomares e plantações de milho. E quem não se assustaria.

Bônus:

Surf nas águas do Oceano Pacífico, em San Diego. Durante o dia, o pigmento das algas tinge a água de marrom-avermelhada. É o fenômeno ecológico da Maré Vermelha. Mas, durante à noite, um espetacular brilho azul, vindo de uma reação química dentro da célula dos dinoflagelados bioluminescentes (Lingulodinium polyedrum), pode ser visto nas águas que se debatem na escuridão.

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