Um dos maiores mercados de computadores do mundo, logo será um dos líderes na produção de e-lixo
Quanto vale um PC antigo? Como descartar corretamente meu PC velho? Será que vale a pena vendê-lo ou reciclá-lo? Prático e cômodo é jogá-lo direto no lixo. Problema resolvido. Isso é o que milhões de pessoas fazem em países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, a cada ano, são jogados fora 206 milhões de produtos de informática e 140 milhões de celulares. O brasileiro também joga computador na lixeira. Na verdade, o Brasil tornou-se um dos maiores mercados de computadores do mundo, e já é o país emergente que mais gera lixo eletrônico per capital a partir de PCs. Como o número de computadores vendidos a cada ano subiu em milhões em um curto período de tempo, esperamos uma enorme quantidade de lixo eletrônico para os próximos anos.
A lei federal para a Política Nacional de Resíduos Sólidos, parece que emperrou e ainda está para ser regulamentada. É necessário um sistema que permita a volta dos equipamentos ao setor industrial para ser reaproveitados. A responsabilidade pelo descarte correto deve ser compartilhada entre fabricantes, distribuidores, importadores e consumidores. Enquanto isso, algumas empresas tomaram iniciativa e estão fazendo sua parte importante. Por exemplo, a Dell faz coleta de eletrônicos. O cliente agenda a coleta pela internet, embala o que tem para descartar e uma transportadora leva os resíduos para a reciclagem. A Itautec recolhe os equipamentos e os desmonta. Plásticos, vidros e peças de alumínio, entre outros materiais, são enviados para recicladores brasileiros.
A Umicore recolhe peças para reciclagem na Bélgica. A empresa, que também recicla baterias e catalisadores, recupera ouro, prata, paládio, cobre, estanho, entre outros metais. A HP recicla plástico, baterias, cartuchos de tinta. Tem dezenas de centros de coleta espalhados pelo país. Quando o cliente mora longe de uma dessas unidades, a coleta é feita em casa. A Xerox remanufatura máquinas usadas. Elas são pintadas, têm componentes substituídos e voltam para o mercado.
As placas de aparelhos como telefones celulares e computadores contêm metais valiosos, como ouro, prata, cobre, além de outros metais, materiais cerâmicos e plástico. A recuperação de metais no lugar da mineração representa um ganho de energia de 70% e uma redução na emissão de CO2 também de 70%. Mas, nem todos os equipamentos contêm materiais de valor. O vidro tem baixo valor, e o chumbo dos monitores antigos tem altíssima toxicidade , isso exige investimento extra de quem quer reciclar.
O e-lixo tem também um lado que muitos desconhecem - reside nos contêineres lotados de computadores, monitores e TVs que são enviados a países miseráveis na África e na Ásia sob a denominação de doação. Equipamentos que nem sequer funcionam. Os carregamentos são despejados em lixões, onde famílias inteiras se lançam no garimpo das peças para vender a recicladores. Por poucos dólares, elas desmontam e incineram os resíduos para a extração de metais, como o cobre dos cabos. Uma atividade arriscada e prejudicial ao meio ambiente, pois a fumaça é tóxica e o contato dos equipamentos com o solo contamina lençóis freáticos. Esse lixo geralmente é enviado para onde há pouca restrição ambiental A Convenção da Basileia, assinada em 1992, controla os fluxos de resíduos perigosos, exigindo certificados que garantam a reciclagem correta do lixo eletrônico em caso de exportação - daí a tentativa de maquiar esses carregamentos como doação.
Precisamos encontrar uma solução global, tanto do ponto de vista da regulamentação quanto do desenvolvimento de tecnologias que gerem menos resíduos tóxicos. A população deve se conscientizar sobre a real importância desse assunto e fazer sua parte. O e-lixo é um problema ambiental que já é grave o bastante, mas tende a piorar com a digitalização dos países emergentes. No mundo, 40 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos são geradas todo ano, mas apenas cerca de 10% são reciclados de forma apropriada. Alguns resíduos são jogados em lixo comum. Acabam em lixões ou são retirados por catadores. O grande problema desse cenário é que o manuseio errado dos equipamentos pode contaminar o solo e a água, conforme as peças se oxidam.
Via | Planeta Sustentável.
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