Você é contra a agricultura dos transgênicos?

LuisaoCS

Você é contra a agricultura dos transgênicos?

Há uma inclinação natural a recusar os transgênicos. Dizem que fazem parte do lado do mal, soam a mutantes, a malformações inenarráveis, a doenças. Muitos dos que hoje se opõem aos transgênicos, não se diferenciam muito dos que ontem se opunham à eletricidade, as locomotivas de vapor ou os fornos micro-ondas: todo avanço técnico é considerado, á princípio, como uma ameaça, nunca como uma vantagem: até há pouco, os inimigos da Internet eram tão ubíquos e ferozes como os luditas que destroçavam teares mecânicos.

Manter certa cautela e ceticismo, naturalmente, é sempre mais inteligente que receber com os braços abertos qualquer inovação. Não obstante, abjurar de uma nova tecnologia sem dispor de suficiente informação sobre ela pode atrasar temerariamente a implantação dessa nova tecnologia, às vezes trazendo consigo o sofrimento e a morte de muita gente. Sobretudo se essa atitude negacionista conta com poderosos administradores dos meios de comunicação, como são o Green Peace ou os Amigos da Terra.


De modo que vamos tentar mostrar uma visão geral dos transgênicos para que, mais tarde, você mesmo possa formar uma opinião mais equânime sobre o tema. Ainda que "transgênico" soe a laboratório e a experimentos proibidos pelo Governo, todas as plantas cultivadas que nos rodeiam, quase por definição, são "geneticamente modificadas" há séculos. Ainda que de uma maneira um pouco tosca e rudimentar.

Por exemplo, as cenouras são alaranjadas pela seleção de uma mutação descoberta na Holanda no século XVI, por uma questão de patriotismo. Por sua vez, as bananas são estéreis e incapazes de gerar semente. O trigo possui três genomas diploides inteiros em cada uma de suas células, os quais descendem de três tipos de erva silvestre, e simplesmente não pode sobreviver como planta silvestre. E assim com muitos outros exemplos, porque os primeiros agricultores, quase sem se dar conta, selecionaram estas mutações enquanto semeavam e colhiam. Mutações antinaturais, ademais, porque dependem da intervenção humana para sobreviver.

E os alimentos transgênicos que agora estão sendo refutados são iguais a esses alimentos modificados geneticamente durante séculos? Sim, salvo por uma coisa: para a modificação genética moderna, usam genes particulares e são mais seguros. Em 2008, menos de 25 anos após ter sido inventada, as plantas geneticamente modificadas ocupavam 10% das terras cultiváveis, 30 milhões de hectares: uma das mais rápidas e bem sucedidas adoções de novas tecnologias na história da agricultura.

Somente em algumas partes da Europa e da África foi negada esta tecnologia para agricultores e consumidores por causa da pressão de determinados ecologistas: Primeiro disseram que a comida podia não ser confiável. Após um trilhão de pratos geneticamente modificados sem nenhum caso de doença humana causada por comida geneticamente modificada, esse argumento desvaneceu-se.

Depois argumentaram que era antinatural que os genes cruzavam a barreira das espécies. No entanto, o trigo, o maior cultivo de todos, foi uma fusão antinatural: "poliploide" de três plantas silvestres, e a transferência horizontal de genes está surgindo em muitas plantas, como a Amborella, uma planta de flores primitiva que tem sequências de DNA que ela retirou de musgos e algas.

Depois disseram que as plantas geneticamente modificadas eram produzidas e vendidas com fins lucrativos, não para ajudar aos agricultores. Falaram o mesmo dos tratores que facilitaram a colheita e diminuíram as perdas. Então tentaram recorrer à extravagante e imbeciloide teoria de que os cultivos resistentes a herbicidas poderiam cruzar com plantas silvestres e resultar em uma "super erva" que seria impossível de matar com o mesmo herbicida. Tudo isto vindo das pessoas que desde o princípio eram contra os herbicidas, de modo que poderia ser mais atraente para eles que declarassem o herbicida como inútil.

Junte-se a estas iniciativas, que parecem ter como objetivo diminuir a produtividade agrícola visando obter melhor rendimento financeiro com o produto final, a ineficaz agricultura orgânica que até agora só provou ser superior a transgênica em preço. Se tornou uma espécie de "modinha" para consumidores que, em sua grande maioria, sempre preferiam consumir batata lavada a uma batata suja.

Existem hoje empresas que, para limpar sua imagem pública, podem assumir os custos das normas impostas pela pressão exercida por certos setores ecologistas. Mas a agricultura geneticamente modificada, além de conseguir ser mais acessível, também resulta ser muito benéfica a nível ambiental. Por exemplo, o uso de pesticidas está quase anulado em qualquer lugar onde se cultive algodão geneticamente modificado.

As plantas resistentes a seca, o sal e o alumínio tóxico já estão entre nós. Favas de soja ricas em lisina poderiam ser logo comida para salmões nos criadouros de peixes, de maneira que os peixes na natureza seriam disputados somente por ursos e pescadores de fim de semana. Plantas absorverão mais eficientemente o nitrogênio, e portanto incrementarão a produtividade ao usar menos da metade de fertilizante, salvando habitats aquáticos da corrente eutrófica e a atmosfera de um gás de efeito estufa.

Todas estas façanhas seriam talvez possíveis sem a transferência de genes, mas é bem mais rápido e seguro com ela. Disso a ciência não tem dúvida.

Até aqui as vantagens, mas, com risco de resultar demagógico (quando se fala da África e de gente que morre de fome, é muito difícil não sê-lo), os obstáculos que impõem os grupos ecologistas não só atrasam o avanço da agricultura e a proteção do meio ambiente, senão que impede que os alimentos cheguem à gente que mais precisa.

Os governos africanos, após um intenso lobby dos ativistas ocidentais, foram persuadidos a enterrar a comida geneticamente modificada no meio da papelada e da burocracia, o que impede que seja cultivada comercialmente em todos os países, exceto três (África do Sul, Burkina Faso e Egito).

Em um caso muito conhecido, a Zâmbia inclusive recusou a ajuda alimentícia no meio de uma crise de fome em 2002, após ter sido persuadida por uma campanha integrada por grupos ecologistas, como o Greenpeace Internacional, que alegava que, já que a comida era geneticamente modificada, podia ser perigosa. Inclusive um grupo pressionou uma delegação da Zâmbia dizendo que os cultivos geneticamente modificados podiam causar infecções retrovirais.

Robert Paarlberg escreve que "os europeus estão impondo os gostos dos mais ricos às populações mais pobres". Ingo Potrykus, um biotecnólogo responsável pela criação do arroz dourado, pensa que "a oposição generalizada a todas os alimentos geneticamente modificados é um luxo que podem somente ser experimentados pelos mimados ocidentais". Ou em palavras da cientista queniana Florence Wambugu: "Vocês nos países desenvolvidos são livres para debater os méritos dos alimentos geneticamente modificadas, mas poderíamos comer primeiro?"

Olha não quis aqui falar mal das ONGs que defendem a ecologia (ainda que algumas vezes sejam muito radicais) e este artigo só é uma aproximação muito superficial deste proceloso assunto, de modo que só posso desejar que todos se informem convenientemente e que não deixem simplesmente se arrastar pelo que soa bem senão pelo que está cientificamente validado.

Deste tipo de informação, nestes tempos, depende nosso bem-estar e inclusive nossa sobrevivência. De modo que é bom se informar, particularmente se pertencer ou militar em alguma organização ecologista.

Via | Matt Ridley em The Rational Optimism.


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Comentários

Essa comparação entre um organismo modificação pela engenharia genética e um modificado da forma convencional (usando cruzamento entre espécies iguais para ir selecionando características desejáveis), não funciona muito bem, não ameniza as coisas. Sabemos que o homem vem intervindo ha milhares de anos na natureza. As mutações fazem parte de toda a vida na Terra, mas as que foram responsáveis pela evolução e adaptação, e ocorreram em longos milhares de anos.

A triploidia que deu origem a banana sem semente, foi uma mutação natural, não se iguala a manipulação transgênica. Os agricultores usam a ideia da triploidia para produzir frutas sem sementes. Agora, a técnica do DNA recombinante para se obter transgênicos, é altamente avançada, é feita fora da célula viva, entre organismos de espécies diferentes. Esses organismos terão material de um outro organismo forçadamente inserido em seu DNA. E ninguém sabe, com toda certeza, se é realmente seguro, o que essa mistureba genética resultará futuramente, o quanto isso prejudicará as espécies vegetais naturais e os animais.

Se nem os cientistas chegaram a um consenso sobre a segurança dos transgênicos para alimentação e para o ambiente, como nós poderemos dizer 'sim' com tantas controvérsias entre gentes especialistas no assunto. Eu fico longe, e com pé atrás, e tenho minhas duvidas sobre os benefícios que os transgênicos poderão trazer ao meio ambiente, simplesmente porque nossa cultura visa produzir, vender e lucrar. Só isso. E sempre. Os transgênicos não estão sendo desenvolvidos para melhorar a qualidade nutricional, muito menos com a intenção de acabar com a fome, aumentando a produção de alimentos. É uma boa desculpa para o favorável. Como se não soubéssemos como funciona o capitalismo. Quer que a gente derrame lágrimas também? Na saúde da população é que não estão pensando. Tanto que temos supermercados abarrotados de industrializado, que nem sabemos como são feitos e o que realmente tem ali, e até que ponto prejudicam nossa saúde. Acho que o problema da fome não é mesmo falta de alimentos. E tudo que não precisamos e aumentar produção. Nossa sobrevivência estará garantida se cuidarmos do nosso planeta e dos recursos naturais, e se paramos de encher o mundo de gente.

Já pararam pra pensar no quanto a natureza trabalha pra nós? Trabalha de graça. Acabei de ler um artigo que diz que o serviço de polinização executado pelas abelhas tem valor estimado de 150 bilhões de dólares para os agricultores do mundo todo. Sigam em frente explorando, manipulando, forçando, modificando a natureza para que ela trabalhe mais e mais em nosso beneficio. Vamos ver até onde isso vai.

* para que eles NAO deixem [...]

Os OGM realmente tem apresentado varias vantagens... quanto ao efeito dos transgenicos no organismo humano, teria d se esperar o tempo d uma vida ou mais para poder afirmar com toda certeza q realmente nao faz mal...
...De qualquer forma... ja esta acontecendo os transgenicos, e é um campo realmente promissor.. é soh torcer para q eles deixem passar nenhum detalhe despercebido, a acarrete em pessimas consequencias aos consumidores destes produtos.

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