Existe uma lenda urbana, ainda que melhor seria dizer mito antártico, que afirma que, quando os pinguins olham para cima quando ouvem passar um avião, seguem a linha de voo do aparelho inclinando a cabeça até que, seus pescoços ficam cansados de sustentar tão incômoda posição, perdem o equilíbrio e caem de costas, condenados a debater-se sem que ninguém se aproxime para ajudá-los a ficar de pé e acabam morrendo entre insofríveis estertores de incomodidade.

Esta espécie de mito data de 1982, quando os pilotos britânicos da RAF que faziam voos sobre as Malvinas na guerra do arquipélago, supostamente observaram o fenômeno ao sobrevoar as colônias de pinguins. Estes pilotos afirmavam que as aves caíam a sua passagem, já que levantavam a cabeça para localizar os aviões e, a seguir, eram vencidos pela gravidade caindo de costas aos milhares, como se fossem peças de dominó.

Desde então, muitas pessoas tendem a achar que os pinguins caem de costas por olhar os aviões passarem. Foi necessário esperar até 2001 quando alguns cientistas britânicos foram enviados à Antártida, para tentar desmontar este mito da ornitologia popular. Durante cinco semanas, uma equipe da British Antarctic Survey (BAS) a bordo do quebra-gelos Endurance supervisionou 1.000 pinguins-rei na ilha de Geórgia do Sul, enquanto helicópteros Lynx faziam passagens por cima deles como parte de treinamentos militares.

A equipe da BAS gravou em vídeo o comportamento dos pinguins ante os helicópteros sobrevoando a diferentes alturas. Filmaram duas colônias destas aves, antes, durante e depois da passagem dos vôos; e as gravações foram analisadas depois na sede central da agência em Cambridge.

A conclusão foi que o impacto dos voos militares sobre as populações de pinguins pode fazer que os animais cambaleiem um pouco, mas sem chegar a perder a posição vertical.

- "À medida que a aeronave aproximava-se, as aves ficavam em silêncio e deixavam de chamar uns aos outros; os pinguins adolescentes que não estavam em seus ninhos também começavam a caminhar para longe do ruído. Instinto animal puro", afirmava o pesquisador principal daquela missão, o britânico Dr. Richard Stone.

A conclusão da equipe não podia ser mais concludente: os voos a mais de 305 metros (1.000 pés) causam só efeitos leves e transitórios nos pinguins-rei; nada de debates mortais com a capacidade de dizimar uma espécie. Em realidade, a pesquisa foi motivada pelo temor que os padrões de reprodução dos pinguins pudessem ser alterados pela atividade das aeronaves na região.

No começo deste ano, 2011, uma equipe russa pensou que a confirmação britânica de uma década atrás não tinha sido suficiente e decidiu comprovar por eles mesmos a validade da explicação. Para isso deslocaram-se à base Antártida russa de Bellingshausen que está situada em um lugar único para o assunto do qual falamos: entre uma pista de aterrissagem e uma colônia de pinguins.

Enquanto a equipe russa estava observando a reação dos pinguins ante os voos de carga que chegavam à base, encontraram por ali dois biólogos alemães que trabalhavam em uma base dos arredores. Qual não foi a surpresa dos russos quando estes ornitólogos disseram que seu trabalho era, justamente, levantar os pinguins quando caem de barriga para cima.

A ornitóloga alemã, de nome Anke, confirmou a um jornalista do Russian Times que os acompanhava, que de fato esta ação era a base fundamental de seu trabalho e que achava isso totalmente normal.

- "Minha tarefa é ir em busca dos pinguins todos os dias para ver se existe algum que tenha caído, para ajudar a se levantar de novo".

Segundo os ornitólogos, os pinguins são aves muito inteligentes na realidade.

- "Às vezes, quando chegam à borda do gelo podemos vê-los se assomando em busca das focas leopardo. Se um se aproximar demais da beirada, outro pinguim lhe empurra como um sacrifício para provar as águas" afirma a loira Enke, que também confirma que essa agilidade mental quando estão de pé se converte em patetices quando caem de barriga para acima.

Às vezes tão estranho trabalho também pode chegar a ser perigoso, convertendo em uma luta contra as aves, pois os pinguins se batem como possessos para evitar serem tocados e colocado na posição ereta, inconscientes de que esses estranhos seres de laranja que andam por ali têm o único objetivo de ajudá-los.

Via | Rusian Times Snopes.com.

Nenhum comentário ainda!