A genética não fracassou

Luna



Há menos de 10 anos atrás os cientistas estavam eufóricos com o chamado Projeto Genoma Humano. Promessas, especulações, sensacionalismo... Um excitação geral diante da incrível possibilidade do mapeamento e da identificação dos genes de todos, que culminaria na manipulação genética, no transplante de DNA, e a provável cura de doenças.

Partindo do entendimento de como o código genético se altera em células diferentes, os cientistas saberiam o que dispara processos desejados e indesejados no nosso organismo. Estaria aí um ponto chave para entender e possibilitar a cura de males graves como Parkinson, câncer, Alzheimer etc.
O genoma humano é o manual de instruções de uma pessoa. Sequenciá-lo e mapeá-lo era algo extremamente desejado, e já possível. Estão lá, nos seus genes, os segredos de como você funciona do jeito que funciona. Os genes dão informações e codificam as proteínas. Estas são os elementos básicos de formação e funções dos nossos órgãos. Tudo, tudo mesmo que acontece no seu corpo é regulado pelas proteínas. Seria esplêndido poder mexer nos botões de forma que quiséssemos não é, afim de desligar e desligar os genes de acordo com danos e reparos.

Sabe-se que há mais de sete mil doenças causadas por disfunção nos nossos genes. Com o mapeamento genético, seu médico teria em mãos seu manual de instruções. Seria mais ou menos assim: Ele leria o seu DNA, e se encontrasse algo realmente preocupante, prescreveria um tratamento especifico para você, que mexesse direto em um determinado gene.

A idéia prática do cientistas do PGH era descobrir quantos e quais são os nossos genes, listá-los e assim saber exatamente em quais mexer para sanar problemas e prevenir eventuais problemas. Simples assim? Não. Não foi simples assim. Foi um banho de água fria, depararam com o impensável.

O primeiro a fazer era encontrar e decifrar milhares de genes, mesmo que milhares à menos do que supunha-se. Tarefa nada fácil uma vez que os nobres produtores de proteínas sabem se esconder muito bem no corpo - dentro das células - no núcleo - lá nos emaranhados cromossomos - no DNA - mais precisamente na espiral do DNA ...Ufa! Lá estão os preciosos genes.

Quanto mais os cientistas futucavam, mais complicado tudo ficava. Deram de cara com uma tremenda complexidade biológica que vai muito além de quantidade, trazendo frustrações naquilo que acreditavam. Erraram feio, por exemplo, ao pensar que cada gene produz uma proteína. Um gene pode estar ligado à produção de várias proteínas, e não trabalham sozinhos, interagem uns com os outros, resultando em novas proteínas.

Descobriu-se também que elas podem assumir novas funções de acordo com as reações químicas que passam no corpo, a influência do ambiente em que a pessoa vive e o envelhecimento do corpo. Que o sistema imunológico pode agir sobre os cromossomos ativando e desativando combinações de DNA. Ou seja, o código genético não é imutável. E o grande "fiasco" ficou por conto do desprezo do DNA lixo, visto como sem utilidade biológica, é justamente o responsável pela interação entre os genes etc. A partir de então, apareceram desafios que nem imaginavam que enfrentariam.

Muitos anos se passaram desde que a revolução foi anunciada. Algumas promessas ficaram tão distantes da realidade. Se ainda não montaram este complicado quebra-cabeça do código da vida, peças importantes já foram encontradas. Novos caminhos para novas perspectivas e descobertas. Conhecimento gera conhecimentos e os adquiridos estão aí sendo úteis nas mais diferentes áreas.

Os cientistas já conhecem a funções de muitos dos genes e estão trabalhando para desenvolver drogas específicas para pessoas que possuem mutações. Ainda não temos nossos personalizados tratamentos. As terapias genéticas acessíveis a todos ainda é um sonho. Detectar genes defeituosos, compreender melhor como eles funcionam e assim curar as doenças, as maravilhosas e promissoras células-tronco... É tanta coisa, e algumas parecem impossíveis! O que há é muito trabalho e um longo caminho, e temos a tecnologia a favor.

A genética não fracassou por que o tempo não para e o desafio é extraordinário.

Via | super.


Notícias relacionadas:

 

Comentários

Também não 'consegui' ler.

Não consegui ler, muito dificil leitura num super paragrafo;

Deixe um comentário sobre o artigo











Comentários devem ser aprovados antes de serem publicados. Obrigado!