A língua do beija-flor
Os ornitólogos achavam que estas aves utilizavam a ação capilar para capturar seu manjar, de forma que o néctar praticamente se adere à língua do pássaro. É o que ocorre quando se introduz um papel na água e esta adere e sobe até que a força da gravidade começa a impedir. Esta teoria foi imposta em 1830 e nunca foi questionada (nem provada) até que um cético grupo de cientistas da Universidade de Connecticut (EUA) decidiu examinar os movimentos de vários beija-flores e concluíram que essa antiga teoria era falsa.
A pesquisa, que foi publicada ontem na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), indica que o líquido na verdade não adere à língua, senão que esta se enrosca e muda bruscamente de forma para tragá-lo.
Os colibris são pequenos, rápidos, e alimentam-se nas flores, cujo interior é difícil de ver. Estes três fatores impediram aos cientistas observar de perto a alimentação do beija-flor até a chegada da tecnologia moderna.
Dispostos a esclarecer o mistério, Rico Guevara e sua equipe usaram uma câmera de alta velocidade e grande definição para ver através de flores artificiais que eles mesmos tinham preparado e capturar exatamente o que acontece quando os colibris bebem o néctar.
Gravaram 30 colibris de dez espécies diferentes e realizaram o exame microscópico dos cadáveres de outras 20 aves. O que descobriram foi muito diferente ao que propunha a velha teoria. Ao entrar em contato com um líquido, a língua tubular do beija-flor comporta-se como a língua bífida de uma serpente.
Desta forma consegue coletar o néctar e retrair-se a seguir, puxando o líquido para a boca do pássaro. Os pesquisadores acham que outras espécies dos mais de 200 tipos de aves que se alimentam de néctar poderiam utilizar este mesmo processo. Se assim for, a descoberta poderia mudar a forma que os ecologistas pensam sobre o comportamento, a ecologia e a evolução destas aves. Ademais, assinalam os pesquisadores, este novo processo de coleta de líquido pode ser útil para os engenheiros.
Uma característica deste mecanismo é que não requer de energia por parte das aves; todos os movimentos são impulsionados pelas mudanças de pressão e das interações moleculares entre a língua dos pássaros e os fluídos circundantes.
Via | New Scientist.
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Comentários
O beija flor é muito lindo!
Aqui em casa não pode faltar o pote pendurado para ele vir todo dia pela manhã
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