O Leão e o Ipê

Luna

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Novamente aquele sonho, o mesmo lugar vasto, onde há vegetações por toda parte, água doce e outros animais. O céu é de um azul incomparável e tão grande quanto a sensação de liberdade que ele sente. Mas é estranho porque ele nunca esteve lá. Então, Darchan desperta e percebe que nada mudou, sua realidade é a mesma, ele continua ali, naquele cruel espaço, reduzido demais para um grande mamífero como ele, um felino com quase 300kg.

Todas as vezes que ele tem estes sonhos é inevitável não se lembrar de quando sua tortura começou, sendo ainda apenas um leãozinho. Aquelas palavras não lhe saem da mente, quando o proprietário do circo disse ao dono do frigorífico: "-Eu te dou esse leãozinho, e você me dá carne para os outros leões que eu tenho no circo, enquanto eu estiver aqui na cidade". Traçaram assim o destino de Darchan. Dali para a frente, abandono e solidão fariam parte de quase toda sua existência.

O frigorífico faliu, o dono foi embora e o leãozinho ficou e assim permaneceu, numa câmara fria e desativada por longos 13 anos. E ele rugia, todos os dias, era tudo o que ele podia fazer - rugir alto, não apenas movido pela fome e sede, mas para que um dia fosse ouvido por quem se importasse com sua condição deplorável, e fosse resgatado. E foi! Hoje, Darchan encontra-se protegido em um santuário. Lá, não é a Savana africana dos seus sonhos, mas ele está bem tratado. Ele pode tomar sol, tem outros animais ao redor, acho que ele nunca esteve melhor.

Mas e o ipê? Qual a relação dele com história de Darchan? Bem, diretamente nenhuma, mas acompanhe o caso do ipê e você entenderá porque mencioná-los em um mesmo texto.

Há alguns anos, em Porto Velho (RO), um exemplar de ipê amarelo, uma árvore brasileira de belíssima floração, foi tirado de seu ambiente. O serraram, certamente que ainda verde. Fios foram instalados em seu tronco e ele transformado em um poste de luz sem vida. Depois de alguns anos existindo estaticamente, cumprindo apenas sua função imposta pelas necessidades humanas, algo inesperado aconteceu - o ipê não estava morto, durante todo esse tempo ele lutava em silêncio pela sua sobrevivência e floresceu!

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Uma árvore e um animal, duas espécies tremendamente distintas, mas com histórias semelhantes aqui - à medida em que ambos, o leão e o ipê, tiveram suas vidas marcadas por mãos humanas - as mãos que destroem, maltratam, matam, e as que salvam e cuidam.

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Comentários

juro que pelo título pensei que era alguma coisa sobre o imposto de renda e o uso da internet para a declaração (que todo ano tem problemas e lentidão)

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