Betelgeuse, o segundo sol
Coloque na mesma salada algumas poucas evidências científicas, muita fantasia, um pouco de ócio regado com tédio e tempere com uma boa pitada de imbecilidade. Para misturar todos os ingredientes use uma quantidade convincente de termos científicos não inteligíveis para a maioria das pessoas. Pronto, a merd@ o hoax está feito! Para servir, basta um servidor com boa conexão a Internet.
Quer um exemplo? Betelgeuse, uma gigantesca estrela moribunda situada na constelação de Orion, a 600 anos luz de nosso planeta, explodirá como uma supernova antes de 2012.
Esta notícia apareceu em um site australiano, mas foi distorcida (ainda mais) no jornal on-line norte-americano "The Huffington Post" (já editaram metade da matéria de forma a apagar a bobagem que escreveram) e após isso o artigo passou a replicar como fogo morro acima por blogs, inclusive brasileiros, sem que ninguém tivesse o mínimo tino de sensatez de parar e ler a besteira que ele descreve:
"Seu brilho será tão intenso que competirá com o do astro rei, de forma que teremos dois sóis brilhando sobre a Terra durante um par de semanas".
Betelgeuse tem dimensões tão enormes que, se substituísse o astro rei em nosso sistema solar, seu perímetro chegaria até a órbita de Júpiter. Com uma massa 20 vezes maior que a do Sol e em sua fase final, pode sim resultar uma bomba relógio a ponto de explodir. Mas é impossível saber quando isto acontecerá com certeza. Pode ser amanhã, daqui a um ano, dois ou um milhão. Ninguém sabe e ninguém pode afirmar.
O explosão vai gerar radiações de alta energia mas, dada a distância à que se encontra a estrela, é impossível que a explosão cause algum dano ou interferência à Terra. Para que fosse capaz de fritar o nosso planeta (como já diz uma outra corrente apocalíptica deste hoax) teria que estar há menos de 25 anos luz de distância. O efeito causado pelos raios X ou os raios gama ficaria diluído pelo efeito geométrico da expansão da onda.
Quando, e somente quando, se tornar uma supernova, sua luminosidade será realmente muito intensa e poderá sim competir com a luz da lua, todo um espetáculo. Mas a coisa exagerada do segundo sol permanece lá na ficção e na letra da canção do Nando Reis. Para que isso se tornasse uma realidade, teria que se encontrar a menos de cem anos luz da Terra.
Sinto muito ser o estraga-prazeres portador da decepcionante notícia que acaba com a ilusão dos fãs de "Star Wars", mas a Terra não vai se se tornar o planeta "Tatooine", ao menos não desta vez.
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Comentários
Da ultima vez que isso ocorreu, surgiu uma religião e um mito. O que sera que os "crentes" vão pensar agora quando ocorrer denovo. Sera que vão achar que seu messias esta voltando?
Quando isso acontecer vai dar para ver do Brasil?
Espero que sim!
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