Ciência é coisa para homens
Façamos uma pequena experiência. Assim, de imediato (não vale entrar na Wikipédia hein!) tente lembrar o nome de 10 cientistas famosas. Seguramente você terá lembrado de Marie Curie e de... Hum... Espera aí... Hum... Alguém mais? Alguns programadores devem ter lembrado de Ada Lovelace, pioneira no âmbito da programação. Talvez outros tenham recordado fugazmente a cientista que estudava os gorilas Dian Fossey. Mais alguma?
Vamos elevar ainda mais o nível: que tal tentar lembrar o nome de 10 5 duas cientistas brasileiras. Não preciso me esforçar para falar de Rosaly Lopes, a maior especialista em vulcões do mundo e responsável atual pela Missão Cassini, que explora, com um satélite, o planeta Saturno e suas luas -esse é o único motivo de seu saber seu nome-. Mas se alguém disser algum outro nome, vou ser obrigado a acreditar, pois não conheço mais ninguém.
A prática científica segue sendo um dos âmbitos com menos equidade de gênero. Ainda que é inegável que os números melhoraram significativamente nos últimos anos. A construção social do cientista segue sendo eminentemente masculina. Não creem? Só para terem uma ideia do sexismo na ciência basta fazer a pesquisa procurando "famosa cientista" no Google e após faça outra busca com os termos "famoso cientista". São Google só tem 180 referências para a primeira busca, no entanto indexa três mil matérias com o segundo.
Uma recente pesquisa entre a população britânica indicou que dois terços dos entrevistados não conseguiram sequer recordar o nome de uma cientista famosa. De modo que não se sintam (tão) mal se também não souberam responder o teste no início deste post. E vou mais longe, se fizessem esta pesquisa de opinião no Brasil, seguramente não mais que 10% haveria de responder.
E a situação se mostrou mais alarmante com as novas gerações. A mesma pesquisa mostrou que 90% dos entrevistados entre 18 e 24 anos não conseguiram indicar nem uma cientista -e se supõe que estão em sua etapa universitária!-. Será que só não recordamos seus nomes? Também não é a razão. Por exemplo, somente 18% dos pesquisados foi capaz de associar o nome da química britânica Dorothy Hodgkin com a estrutura da insulina -e também descobriu a do colesterol, a vitamina B12 e a penicilina-. Do mesmo modo, somente 6% associaram a astrofísica Jocelyn Bell Burnell com a descoberta dos pulsares.
A ciência pouco a pouco começa a emparelhar seus números em oportunidades, locais de pesquisa, ganhos e reconhecimentos. No entanto, a prática da ciência não costuma chamar a atenção do público em geral e quando se trata de recordar as mulheres que consagram sua vida ao avanço do conhecimento, estamos ainda começando a engatinhar. É realmente uma lástima que, inconscientemente, para a opinião popular a ciência ainda seja coisa de homens.
Via | Daily Tech.
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Comentários
Nossa, é verdade.
Assim como em outras áreas, as mulheres não têm seu espaço.
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