Google, amigo ou inimigo da mídia tradicional?

LuisaoCS

Google, amigo ou inimigo da mídia tradicional?

Há alguns dias atrás celebrou-se no Reino Unido um evento intitulado "Google, amigo ou inimigo dos editores de jornais?" como a presença de responsáveis da mídia britânica e da empresa do buscador. Neste encontro debateram de que modo o buscador afeta a mídia tradicional com presença na Internet.

Peter Barron, um dos relações públicas da Google na Inglaterra, que estava presente a esta palestra, assegurou desde o primeiro instante -como não podia ser diferente- que são inequivocamente amigos dos editores de jornais e seu objetivo é o de sempre trabalhar junto a eles. Barron assegurou que as organizações de notícias disponibilizam seus conteúdos na web de forma gratuita por sua própria vontade e que o Google ajuda as pessoas a encontrá-los, enviando milhares de cliques todos os dias. E uma vez ali esses cliques convertem-se em uma oportunidade de negócio.


Matt Kelly, a diretora de conteúdos digitais do Mirror Group, discordou e afirmou contundentemente que o valor da audiência que recebem mediante os buscadores é muito menor que os que chegam desde outros meios, inclusive assegurando que prefere ter um clique do Twitter do que 100 do Google. Também não duvidou em destacar que há quatro ou cinco anos cada clique valia em torno de 22 reais e hoje em dia não chega aos 2, o que para eles não é um modelo de negócio sustentável. É produto da erosão do compromisso que a Google trouxe aos conteúdos informativos.

Pouco antes destas palavras Patrick Barwise, professor da Escola de Negócios de Londres assinalou que os buscadores são bons para os consumidores e para os anunciantes, mas péssimos para as companhias de mídia.

- "Google ajuda as pessoas a encontrar o conteúdo, no entanto se imaginarmos um mundo no qual o Google não exista nem nada como ele, esse seria muito melhor para as organizações de notícias. O custo dos rendimentos gerados por leitor on-line é muito menor do que poderia ser."

E esta sem dúvida é uma das principais chaves pela qual os meios tradicionais são contrários aos buscadores em geral e do Google em particular. Os responsáveis pelos jornais creem que os buscadores fazem com que as visitas que chegam a suas páginas sejam muito residuais: chegam, leem e vão. O que provoca um descenso de rendimentos por publicidade nos sites e por isso valorizam bem mais as visitas vindas do Twitter ou qualquer outra rede social.

A resposta a todos estes argumentos por parte de Peter Barron foi simples e direta: isto é algo causado pela Internet em geral, não pelos buscadores. A própria rede mudou o padrão dos meios de imprensa para sempre e ninguém pode mudar isso.

Sem defender este ou aquele buscador, creio que Barron tem toda a razão. A verdade é que a mídia tradicional pouco pode fazer para evitar o que está acontecendo, e por isso devem fazer o mesmo que vem ocorrendo em outras áreas alcançadas pela obsolescência: adaptar-se e usar um modelo de negócio que permita seguir adiante. Fala-se muito em conversão total dos meios digitais com rendimentos por publicidade mais sustentáveis, mas creio que não funcione, só trocaríamos as moscas e nenhum anunciante vai, de uma hora para outra, concordar com a decuplicação da publicidade on-line.

As comunicações e troca de informações pela Internet serão cada vez mais ativas e maiores, motivo pelo qual os meios tradicionais terão que buscar rapidamente uma adaptação sobre o risco de morrerem. Acostumados, há centenas de anos, a manipular a notícia a seu bel prazer e a ganhar dinheiro fácil com publicidade cara com retorno ralo, deverão agora tirar a bunda da cadeira para, na exata acepção da palavra, informar; deixando de lado o monopólio de informações de sempre.

Via | Journalism.


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