Um paradoxo de fé
Todas as verdades e dogmas promulgadas pelas religiões, muitas vezes, estão em oposição direta entre si ou, o que pode ser bem mais grave, com o que está escrito em seus próprios textos sagrados. Temos vários exemplos que são muito populares, alguns relacionados com a igreja católica, possivelmente por ser a majoritária. O grande problema é que os religiosos costumam ser evasivos, quando questionados sobre os dogmas que expõem sua fé ao ridículo. Quando não excomungam, citam frases feitas roubadas de algum capítulo da Bíblia, que em geral, não acrescenta nada ao assunto.
Mas hoje queria deixar de lado os dogmas mais populares para resgatar um que me parece especialmente interessante, já que contrapõe conceitos que são primordiais para qualquer crente na fé católica.
Suponhamos um casal católico. Desde pequenos ambos dois seguiram a lei de Deus, sendo fiéis a ela em cada passo ao longo de suas vidas. Estas duas pessoas têm um filho.
Este filho cresce e, valha a má sorte, a semente de Satanás cresce nele. O menino converte-se em um criminoso exemplar, daquele de botar medo em Fernandinho Beira Mar, capaz de romper a lei de Deus em todos e cada um de seus pontos. O sujeito é tão "coisa ruim" que o Satanás decide abrir uma vaga no inferno à sua morte, já que as portas de São Pedro estão totalmente fechadas para uma pessoa tão contrária àquilo promulgado pelo Deus que governa o céu entre seus seguidores.
Enquanto isso, seus pais seguem comportando-se exemplarmente, e no momento de sua morte, São Pedro abre-lhes gentilmente os pesados portões do céu, e inclusive abre um espaço na sala VIP do céu, já que nos tempos atuais, poucos chegam até ali com comportamento tão exemplar ao longo de suas vidas.
Até aí tudo bem, mas o problema começa quando esse casal pensa em seu filho. São conscientes de que ele em vida não fez todo o bem que deveria, e por isso arderá no fogo do inferno eternamente. Mas Deus lhes garante que, por terem sido cristãos exemplares, no céu encontrarão a paz eterna.
Como é possível que este casal tenha a paz eterna e permaneçam tranquilamente no céu sendo conscientes de que o único filho de seu próprio sangue está ardendo no inferno por seus próprios atos?
Por suposto, existiria a possibilidade de que este casal perdesse a noção da existência do filho logo assim que chegassem ao céu, mas aqui o próprio Deus romperia um de seus 10 mandamentos, o sétimo: "Não mentirás".
Outra possível solução seria que o Deus todo misericordioso perdoasse o filho para assim não romper a merecida paz eterna de seus pais... mas se assim fosse, então ninguém teria que se preocupar com o que faz em vida enquanto existisse alguém que pudesse fazer por ele.
Qual é a solução deste paradoxo? Está bem claro que os caminhos desse Deus são mesmo inescrutáveis...
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Comentários
Já ouviram falar em Epicuro?
Ele disse mais ou menos isso:
Deus, para ser Deus, tem que ser onisciente, onipotente, onipresente e totalmente justo,sendo o supremo criador de tudo o que existe.
Se Deus criou o mal, não é justo, pois, sendo onisciente, deveria evitá-lo, se não foi Ele quem criou o mal, existe outro ser com iguais poderes, então ele não é supremo.
Se Deus quer evitar o mal e não pode, é impotente: o que seria impossível em Deus.
Se pode evitar o mal e não quer, não é justo: o que seria contrário a Deus.
Se nem quer, não sabe como, nem pode, é injusto, não sabe tudo (não é onisciente) e impotente: portanto nem sequer é Deus.
Se Deus desconhece onde o Mal acontece, então ele não é onipresente
Se pode e quer, que é a única coisa compatível com Deus, Por que não o faz?
Para por um fim ao paradoxo: acontece que inferno não existe.
Desculpe, mas na minha cabeça, não faz sentido um Deus amoroso permitir que pessoas fiquem eternamente ardendo nas profundezas do inferno por erros que cometeram por aí uns 80 anos, no máximo...
É incrível como o que nós acorre na infância marca a gente pra sempre. Lembro da minha avó me carregando pra igreja. Eu até gostava porque tinha um local à parte para as crianças. Eu sempre fui louca por desenhos. Lápis de cor e uma folha branca de papel eram suficientes para me manter no mundo da lua durante horas. Então, nesse lugar reservado para as crianças, a gente aprendia alguns ensinamentos bíblicos, louvores e desenhava.
Isso ocorria nos cultos matinais e dominicais. Quando eu acompanhava minha avó nos cultos noturnos, tinha que ficar ouvindo as pregrações e orações. E eu tinha muito, muito medo daquelas orações onde gritavam, esperneavam, falavam umas coisas estranhas e absurdas.... E o pastor dizia: fecha os olhos, porque o que vai sai desse cara aqui é terrível.
Aquelas coisas ficavam na minha mente de criança, eu não dormia bem naquelas noites, eu imaginava mil coisas aparecendo, barulhos me assustavam facilmente, eu tinha medo de ficar só em casa. Eu era susceptível demais e tudo aquilo me fazia mal.
Assim que fui crescendo, comecei a bater o pé e não querer ir mais durante à noite, contrariando minha avó que me arrastava mesmo assim. E assim que fui crescendo mais um pouco e prestando atenção ao que os pastores falavam, entrei na fase das duvidas, questionamentos. Eu queria entender Deus e a bíblia. Mas, o que conseguia era só mais duvidas e confusão na cabeça.
Essa questão do post, foi uma das tantas que já martelaram na minha mente muitas x - vamos para o céu e esquecer quem fomos, e as pessoas que conhecemos e o que vivemos? Vamos nos lembrar das coisas boas, ou daquilo que não prejudicará nossa nova vida? Eu não gostaria de não saber quem eu sou. Não gostaria de não ser eu mesma. Não vejo sentido algum nisso.
Tenho medo da morte, sim, um medo puramente humano, quando lembro que ela encerrará meus pensamentos e sentimento, é péssimo pensar que nem meu corpo é meu. Tenho medo de escuro. Lembra do que disse lá encima sobre as coisas que despejam em nós na infância ficarem pra sempre na mente da gente? Mesmo depois de grande, de vc saber que não existe bicho-papão coisa nenhuma, mas se ouvir um barulho estranho no guarda-roupa durante a noite, aquela sensação, a lembrança do medo irracional que faziam vc sentir, virá a tona.
Hoje, eu não faço mais questionamentos. Querer entender Deus baseando-se no que os humanos inventam e dizem, me deixa louca. Eu creio em Deus, da minha forma. Não vou à igrejas. Religião me da urticária. Não tenho fada madrinha e sou a única responsável por minhas atitudes.
Não sou boazinha e me lixo pelo politicamente correto. Tenho defeitos que não acabam mais - quando minha mãe estava grávida de mim, eu passei na fila dos defeitos umas 100 x porque estavam dando sorvete de graça. Eu adoro sorvete... de graça então....
Onde eu tiver que melhorar como pessoa, eu tentarei, e será por mim, pelas boas coisas e sensações que isso traz, e pelo Deus que acredito tbm. E será sincero, não forçado, não hipócrita, não conveniente, não por eternidade de vida, ou por medo.
Ufa!
Mas como eu enrolei bem pra dizer que não sei a solução deste paradoxo. ^^
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